Terrifier 3 – O mais sério da franquia

Se você gosta de terror slasher com humor (sem ser um terrir), não perca Terrifier 3. Dia 31 de outubro, nos cinemas.

Os fãs do subgênero slasher ganharam um novo assassino que faz jus ao oxímoro “novo clássico”: o palhaço Art (Art, The Clown) figura no panteão dos assassinos icônicos como Jason Voorhees, Freddy Krueger, Michael Myers e Chucky. Não, não esqueci do Ghostface da franquia Pânico, apenas não me referi a ele por não se tratar de um ente sobrenatural.

Pra quem não sabe, oxímoro é quando duas palavras de sentido antagônico são usadas na mesma oração como “bagunça organizada” ou “lixo limpo”. E é exatamente esse último oxímoro que retrata Terrifier 3, da mesma forma que A Substância.

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Aterrorizante 2 fez jus ao nome e aterrorizou meio mundo. Meio porque a outra metade não teve coragem de assistir ou saiu no meio do filme. Coitados, não sabem o que perderam. Quando soube que as pessoas estavam saindo da sala de cinema ou regurgitando nas mesmas, fiquei aterrorizado com a notícia. Pensei que deveria ter algum motivo pra isso. Depois de A Mosca, só me lembro de Bite ter repetido essa proeza. Se alguém souber de mais algum, por favor poste nos comentários.

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Se você já está acostumado aos subgêneros splatter/slasher ou conhece a franquia, não há motivo para sair correndo do cinema mas PARA ele. O filme é uma obra-prima do gore. O diretor Damien Leone já havia mostrado que entende do riscado nos filmes anteriores e soube repetir a proeza de Clive Barker em seu primeiro Hellraiser, sendo que seus filmes tiveram um orçamento muito mais baixo com uma arrecadação similar. O filme foi cogitado para uma indicação ao Oscar em 2023 e Brad Miska, cofundador da distribuidora do filme, Bloody Disgusting, chegou a zoar a intenção. Terrifier 3, então, pode muito bem levar a estatueta, inclusive pelo roteiro, que é muito bom.

Estou exagerando? Não! Apesar de exageros fazerem parte do gênero slasher. Você pode retrucar alegando que a franquia tem um amontoado de clichês: Palhaço assassino à la John Wayne Gacy? Confere. Data macabra comemorativa como sexta-feira 13 ou 31 de outubro? Confere. Serial killer sobrenatural? Confere. Voz demoníaca propositalmente tosca à la Evil Dead? Confere. Bata tudo isso no liquidificador com sangue e vísceras e temos a franquia Terrifier. Sirva o prato e acrescente as ótimas atuações de Lauren LaVera (a protagonista Sienna Shaw), Elliott Fullam (seu irmão, Jonathan Shaw) e da macabra sidekick Victoria Hayes (taxidermizada pela atriz Samantha Scaffidi) e temos Terrifier 3. Com uma excelente atuação de uma protagonista presente no prólogo, cujo nome infelizmente não encontrei. Pena que ela não passou do prólogo, claro.  

Com uma ou outra referência ao clássico Psicose (da mesma forma que o filme A Substância), Terrifier 3 parte exatamente do final do filme anterior e talvez aí esteja a única falha do filme: ele não se sustenta por si só e é necessário que se tenha assistido ao segundo filme para se ter noção do que está acontecendo, coisa que não acontece com o anterior.

A foto mostra quatro cenas de A Substância que fazem uma releitura de quatro cenas do clássico Psicose.

As referências de A Substância à Psicose (Terrifier 3 também tem as suas)

A fotografia está excelente e a paleta de cores não visa contrastar a cor de sua roupa  com o cenário do filme como ocorre no anterior. O filme é mais sério do que os primeiros embora não menos engraçado. Inclusive com uma ligeira, mas nada sutil, crítica social. Como se trata de um conto de Natal, temos um verdadeiro festival de infanticídio e talvez a cena mais pesada do filme seja exatamente a que não tem sangue. 

Se você gosta de terror slasher com pitadas de bom humor (sem ser um terrir), não perca Terrifier 3, que tem tudo pra ter uma continuação. Por quê? Assista ao filme e você saberá o porquê.

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Claudio Siqueira
Claudio Siqueira

Escritor, poeta, Bacharel em Jornalismo e habitante da Zona Quase-Sul. Escreve ao som de bits e póings, drinkando e smokando entre os parágrafos. Pesquisador de etimologia e religião comparada, se alfabetizou com HQs. Considera os personagens de quadrinhos, games e animações como os panteões atuais; ou ao menos, arquétipos repaginados.

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