Crítica | Songs My Brothers Taught Me

Saiba um pouco mais sobre o primeiro longa-metragem da diretora Chloé Zhao!

A história de Songs My Brothers Taught Me se passa na reserva indígena Pine Ridge, na Dakota do Sul, e mostra o dia-a-dia de seus habitantes, bem como alguns aspectos de sua cultura, assimilada pela cultura ocidental, e as dificuldades que enfrentam.

Jashuan, John, a mãe deles e outros moradores de Pine Ridge no terreno de uma igreja no filme Songs My Brothers Taught Me
“É sempre difícil sair desse lugar. Porque é tudo o que conhecemos na nossa infância.”

Songs My Brothers Taught Me
Direção: Chloé Zhao

Ano: 2015

Duração: 1h38m

Songs My Brothers Taught Me é um filme com um ar quase documental.

Apesar de tratar de temas muito pesados, como o constante problema de alcoolismo na comunidade, proveniente de todas as dificuldades sociais que passam, o filme não trata nada disso de forma dramática.

Tudo é mostrado quase que silenciosamente, com uma certa sutiliza e linearidade bem diretas. Daí vem a sensação de documentário que o longa passa. As coisas simplesmente são. As coisas simplesmente acontecem daquela forma e a câmera acompanha passivamente, sem altos e baixos. Sem tornar os momentos poéticos ou trágicos.

Todos esses problemas são ilustrados pelo personagem de John Reddy, um garoto que, como muitos outros jovens de Pine Ridge, está tentando encontrar seu caminho na vida e se vê preso pelo seu contexto social.

A frase que abre o filme ilustra muito bem tanto a personalidade de John quanto a de muitos outros moradores da reserva, bem como a forma de vida deles.

Sobre domar um cavalo: não corra demais com ele, porque se for para correr sempre com o cavalo, vai acabar com a essência dele. Tudo o que corre à solta tem algo de ruim. É melhor deixar um pouco dessa essência, porque eles precisam dela para sobreviver lá fora.

Filho de um famoso cowboy recém-falecido que nunca foi presente (pai de mais 25 crianças, de 9 mães diferentes) e de uma jovem mãe que foge da realidade com seus inconstantes casos românticos, John faz o que é necessário para sobreviver e criar sua irmã mais nova, Jashuan. Ele trabalha vendendo alguns produtos e traficando álcool dentro da reserva.

Paralelamente, planeja se mudar para LA com sua namorada, Aurélia, que passou em uma universidade.

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Apesar de agir como adulto e ter que assumir diversas responsabilidades, Jhony demonstra em vários momentos que ainda é uma criança. Ele expressa seu lado mais vulnerável e tranquilo quando está brincando com sua irmã nas planícies.

Esse padrão é comum entre os jovens e as crianças que desde muito cedo têm que se virar sozinhas. Elas trabalham com o que podem e são expostas a bebidas, drogas, violência e sexualidade precoce desde muito cedo.

Nesse sentido, Jashuan é uma personagem muito interessante. Apesar de buscar ser independente quando descobre que John planeja partir, faz isso de forma muito astuta, sem perder sua inocência infantil. Ela usa suas habilidades, é segura de si e transita pelo mundo adulto, sem nunca se deixar contaminar. Jashuan ilustra a esperança trazida pelas novas gerações, a esperança de quebrar um modelo antigo. Sobre ela, John diz:

Minha irmã Jashuan adora esse lugar. Ela vê coisas que eu não vejo. Ela é boa pessoa.

O filme certamente é uma denúncia sobre a forma hostil na qual os habitantes da reserva vivem. Mesmo assim, eles vivem… enfrentando suas dores, constantemente tentando se tornar pessoas melhores e se apoiando como podem.

É interessante observar toda a tragetória de John e Jashuan. Principalmente a decisão final de John, sobre ficar ou não na reserva e a mensagem que essa escolha passa. Apesar de todas as questões que precisam ser resolvidas, o longa termina com um tom de esperança.

Veja o trailer abaixo:

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Luna | A Patroa da Redação
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