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Reabertura da Cinemateca Brasileira será com filme inédito e mostra do ator e diretor José Mojica Marins, o Zé do Caixão
Após um longo período de interrupção, a CINEMATECA BRASILEIRA, instituição responsável pela preservação e difusão do maior acervo audiovisual do país, reabre as portas para o público nos dias nos dias 13, 14 e 15 de maio (sexta, sábado e domingo).
No primeiro dia do evento, serão exibidos o média-metragem A Praga (1980), restaurado, editado e finalizado pelo produtor Eugenio Puppo, que descobriu as latas do filme perdidas no escritório do cineasta, em 2007, e o curta-metragem A Última Praga de Mojica (2021), dirigido por Cédric Fanti, Eugenio Puppo, Matheus Sundfeld e Pedro Junqueira, que narra esse processo.
A Praga foi quase todo filmado em super-8, em 1980, mas permaneceu inacabado por mais de 20 anos por falta de recursos. Puppo juntou os originais, filmou cenas adicionais, incluindo o retorno de Mojica como Zé do Caixão apresentando a história, dublou as falas através de leitura labial, inseriu efeitos visuais, editou e supervisionou o processo de pós-produção. Após a morte de Mojica, em fevereiro de 2020, Puppo finalizou o média-metragem que foi apresentado pela primeira vez em outubro do ano passado, no Festival de Cinema de Sitges, na Espanha, considerado um dos maiores eventos de horror do mundo.
O filme conta a história de Juvenal que, durante um passeio com sua esposa Marina, tira fotos de uma estranha senhora que revela ser uma bruxa e o amaldiçoa.
Mostra O CINEMA SEM MEDO DE MOJICA
O fim de semana segue com filmes pouco exibidos do mestre do terror brasileiro: A Encarnação do Demônio, que fecha saga da personagem Zé do Caixão; Trilogia de Terror, filme em episódios que codirigiu com Ozualdo Candeias e Luís Sérgio Person; O Despertar da Besta, com seu terror psicodélico e olhar cínico sobre jogos de poder; e Exorcismo Negro, um pesadelo metalinguístico em que criador enfrenta sua criatura.
No sábado, 14 de maio, às 16h, vida e obra do cineasta serão discutidas em uma mesa com o biógrafo de Mojica, André Barcinski, e com dois dos realizadores de A Encarnação do Demônio, o cineasta, produtor e editor Paulo Sacramento e o roteirista e diretor Dennison Ramalho.
José Mojica Marins (1936-2020) fez cinema sem medo. Sem medo das convenções de gênero, das limitações de orçamento, da censura da ditadura, sem medo das palavras perdidas da crítica. Lembrando Rogério Sganzerla citado em Maldito — A Vida e Obra de José Mojica Marins, o Zé do Caixão, de André Barcinski e Ivan Finotti, “o estranho mundo de Marins remete o cinéfilo às origens da mitologia cinematográfica, onde a criatividade se alimenta da produção em série, das aventuras em capítulos, do público como agente produtor e consumidor do horror.”
Seus filmes, viscerais, não se intimidam diante de experimentações de linguagem, das críticas sociopolíticas, do abjeto, do tosco, do primal. É por isso que Mojica é o mestre do terror brasileiro.
Semana ABC
Ainda em maio, de 25 a 28, a Cinemateca Brasileira volta a sediar a Semana ABC, evento anual aberto ao público, que desde 2002 apresenta ao mercado, estudantes e trabalhadores do audiovisual, novas tendências e novas tecnologias.
Neste ano, o evento, que volta a ser presencial, contará com exposição de equipamentos e serviços, painéis e mesas de debates com profissionais brasileiros e estrangeiros, que se destacam em direção de fotografia, som, direção de arte e montagem no meio cinematográfico mundial.
A programação completa pode ser consultada no site da ABC <acesse aqui>
Homenagens
Na reabertura da Cinemateca, o público encontrará novidades, decorrentes de homenagens. A partir de 12 de maio, a sala de projeção inaugurada em 1997 com o patrocínio da Petrobras passa a se chamar Sala Oscarito. A sala que estreou com o patrocínio do BNDES em 2007, é agora a Sala Grande Otelo. Já a sala onde se reúne regularmente o Conselho da Cinemateca foi honrada com o nome da consagrada escritora Lygia Fagundes Telles, que integrou a diretoria da instituição entre 1978 e 1986 e o seu conselho até 2013.
Mostra O CINEMA SEM MEDO DE MOJICA
Cinemateca Brasileira | Sala Grande Otelo
Largo Senador Raul Cardoso, 207 — Vila Mariana
Ingressos gratuitos e distribuídos uma hora antes de cada sessão
Dia 13 de maio, sexta-feira, na área externa
(500 lugares)
19h: Abertura
20h: A Última Praga de Mojica(17 min) e A Praga (52 min)
Dia 14 de maio, sábado, na Sala Grande Otelo
(210 lugares + 04 assentos para cadeirantes)
16h: Mesa com André Barcinski, Dennison Ramalho e Paulo Sacramento
18h: Encarnação do Demônio(94 min)
20h: Trilogia de Terror (101 min)
Dia 15 de maio, domingo, na Sala Grande Otelo
(210 lugares + 04 assentos para cadeirantes)
18h: O Despertar da Besta (Ritual dos Sádicos) (92min)
20h: Exorcismo Negro (100 min)
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CINEMATECA BRASILEIRA
A Cinemateca Brasileira, maior acervo de filmes da América do Sul e membro pioneiro da Federação Internacional de Arquivo de Filmes — FIAF, inaugurada em 1949 como Filmoteca do Museu de Arte Moderna de São Paulo, tornando-se Cinemateca Brasileira em 1956, sob o comando do seu idealizador, conservador-chefe e diretor Paulo Emílio Sales Gomes. Compõem o cerne da sua missão a preservação das obras audiovisuais brasileiras e a difusão da cultura cinematográfica. Desde 2022, a instituição é gerida pela Sociedade Amigos da Cinemateca, entidade criada em 1962, e que recentemente foi qualificada como Organização Social.
O acervo da Cinemateca Brasileira compreende mais de 40 mil títulos e um vasto acervo documental (textuais, fotográficos e iconográficos) sobre a produção, difusão, exibição, crítica e preservação cinematográfica, além de um patrimônio informacional online dos 120 anos da produção nacional. Alguns recortes de suas coleções, como a Vera Cruz, a Atlântida, obras do período silencioso, além do acervo jornalístico e de telenovelas da TV Tupi de São Paulo, estão disponíveis no Banco de Conteúdos Culturais para acesso público.