Loki | Primeiras Impressões Sobre as Peripécias do Deus da Trapaça

O personagem, que ganhou o carinho e admiração de muitos fãs por suas participações relevantes e icônicas ao longo da última década, aparentemente havia encerrado sua jornada. Mas agora, Loki está de volta em uma produção para chamar de sua.

Loki estreou hoje (09) exclusivamente no catálogo do Disney Plus. A nova série aposta em engrossar o calibre narrativo das séries de heróis da Marvel (ou vilões, neste caso), estabelecendo não apenas conexões com outras produções do MCU, mas também trazendo impactos severos e estruturais para a nova fase do estúdio.

Loki em cena do trailer oficial - Otageek
Serviu muito o deus da trapaça .

Antes de irmos às primeiras impressões, gostaria de informar que participamos da cabine de imprensa de lançamento oficial a convite da Disney, e lá pude assistir aos dois primeiros episódios! Assim, a crítica do segundo capítulo estará disponível muito em breve aqui no Otageek.

Poster de divulgação da Otageek sobre a participação da cabine de imprensa
Toque para conferir.

Loki – Contexto da Série

Tudo começa – ou termina, a depender do ponto de vista – quando Loki (Tom Hiddleston) é morto pelas mãos de Thanos, ainda no início de Vingadores: Guerra Infinita

Loki tenta apunhalar Thanos em Vingadores: Guerra Infinita - Otageek
Loki engana Thanos em Guerra Infinita e acaba morto pelo Titã.

O personagem, que ganhou o carinho e admiração de muitos fãs por suas participações relevantes e icônicas ao longo da última década, aparentemente havia encerrado sua jornada. Entretanto, caso tenha perdido essa parte, o deus da trapaça – adivinhem – trapaceou.

Aproveitando-se do caos instaurado em Vingadores: Ultimato, na ocasião em que os Vingadores viajam ao passado para apanhar as jóias do infinito, Loki acaba escapando das mãos dos heróis com o famoso Tesseract (mas não se preocupe em revisitar essa cena, pois a série já se inicia exatamente com ela).

Loki escapa com o cubo Tesseract da Torre dos Vingadores em Vingadores Ultimato - Otageek
Loki escapa com o Tesseract em Vingadores: Ultimato.

Como esperado, tal feito acaba por ameaçar consequências sérias na linha temporal. Afinal, se o Loki realmente sumisse em 2012 (ano de sua fuga da Torre dos Vingadores), o futuro seria drasticamente alterado.

É precisamente devido a esses riscos que a fuga de Loki não vai muito longe. Quase de imediato, o vilão é (ridiculamente) neutralizado e capturado por uma tropa identificada como ‘Autoridade de Variação Temporal’, uma espécie de polícia encarregada de proteger a história linear daquela realidade.

Loki, um Criminoso Temporal

Todo esse encadeamento de fatos e ações – de quebra da linha do tempo e de suas consequências – pode parecer complicado, mas não é. A série se encarrega de ser extremamente didática, usando ilustrações animadas autoexplicativas para demonstrar ao protagonista (e automaticamente ao espectador) onde e em que contexto está situado. 

Os diálogos entre os personagens em grande parte contribuem para esse entendimento. É aí que Mobius (personagem de Owen Wilson) ganha importância. Ele serve como uma ponte entre Loki e esse novo mundo, trazendo informações necessárias e contextualizando a situação problemática em que o protagonista se meteu, emulando uma espécie de detetive amistoso.

Owen Wilson e Tom Hiddleston contracenando  em 'Loki' - Otageek
Owen Wilson e Tom Hiddleston contracenando em ‘Loki’.

Não demora muito para entender que a base de atuações da AVT é uma espécie de dimensão paralela, onde poderes mágicos são inúteis e até mesmo as jóias do infinito são feitas de pesos de papel (curiosamente, a única não mostrada é a jóia da alma).

O lugar foi teoricamente criado pelos oniscientes Guardiões do Tempo, que estão ocupados demais garantindo o fluxo contínuo, linear e ininterrupto da Linha do Tempo Sagrada e precisam de uma ajudinha de pessoal para fazer a faxina quando algo sai errado. É nesse ambiente que Loki será julgado pela sua maior artimanha: fugir do seu destino.

O que Torna a Série Especial?

A série não abandona a boa e velha fórmula de humor já consolidada para o deus asgardiano, comumente colocado em contextos vexatórios, extrapolando as máximas do seu arcadismo internalizado no puro uso de vocábulos arcaicos, ao escolher pronomes de tratamento excessivamente formais e recitar metáforas de improvisação. 

Não é raro, também, ver a divindade nórdica discursar como se encenasse um drama teatral para uma grande plateia, o que sempre arranca risos dos personagens ao entorno ou, no mínimo, deixa-os com uma fenomenal ‘cara de paisagem’. São essas escolhas de linguagem que fazem de Loki um personagem tão deslocado em seu meio e, por muitas vezes, tão engraçado.

atriz Wunmi Mosaku brilha na atuação e representatividade da série Loki - Otageek
Wunmi Mosaku em seu papel como Hunter B-15 em ‘Loki’.

Mas não se engane com a personalidade e estilo quadrados do personagem. Tom Hiddleston entrega boas cenas com carga dramática nos momentos em que precisa. Principalmente porque seus mais altos e baixos atos de vilania (e os de heroísmo também) são passados a limpo e ajudam o teimoso deus da mentira a construir uma autocrítica e, quem sabe, plantar uma sementinha de mudança.

A trilha sonora de Natalie Holt tem muito a contribuir com essas reviravoltas emocionais na narrativa e entrega uma identidade sonora à série ainda no primeiro episódio.

Já a diversidade do elenco não traz apenas representatividade e pluralismo, mas incorpora grandes talentos pouco conhecidos, como Wunmi Mosaku, que interpreta uma típica policial casca grossa e entrega alguns dos melhores momentos do episódio, mesmo em cenas nas quais não possui linhas de diálogo.

O que Esperar?

De uma forma geral, este primeiro episódio se coloca como um estruturador da narrativa, sem ir muito longe. No entanto, fica evidente que ‘Loki’ entrega (e entregará) artifícios dos mais variados tipos: pistas, easter eggs, referências e tudo o que os fãs têm direito para levantar discussões e espalhar suas teorias na internet. 

Essa foi uma estratégia na qual a Marvel acertou muito em WandaVision, aumentando o engajamento da série por levantar muitas perguntas e respondê-las pouco a pouco ao longo dos episódios semanais. 

E no final desse primeiro episódio, já temos a primeira grande questão: quem é aquele sujeito misterioso? E se você já tinha o seu palpite, a série é corajosa o bastante para direcionar sem devaneios o espectador na resposta que pretende confirmar, revelando a identidade do personagem sem mostrá-lo. É uma outra forma genial de atiçar a curiosidade para o próximo episódio.

Conteúdo recomendado:

Os episódios são lançados às quartas-feiras (4h no horário de Brasília), exclusivamente no Disney Plus.

Confira o trailer:

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André Shazy
André Shazy

Aficionado pelo universo de quadrinhos e super-heróis, sou um admirador nato da sétima arte. Pai de uma shih-tzu e membro de um grupo de RPG, atualmente faço graduação de Geografia na USP e aprendo sobre escrita criativa nas horas vagas.

Artigos: 55
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[…] para conferir a nossa crítica do primeiro e do segundo episódio, antes de prosseguir por sua própria conta e risco, pois haverá […]

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