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POSE | A importância da série com maior elenco trans da história da TV
Produzida por Ryan Murphy (American Horror Story/Glee), Bad Falchuk, Steve Canals e a escritora trans Janet Mock, Pose segue como uma das séries mais importantes da nossa era. Além de entrar para a história da arte audiovisual com seu conteúdo gráfico magnífico, ela aborda temas que vão além do que estamos acostumados na indústria cinematográfica.
ATENÇÃO! OS TRECHOS A SEGUIR PODEM CONTER SPOILERS!
Ambientado nos anos 80 e 90, o drama musical Pose levanta questões importantes e vai muito além de seu glamour e seus looks extravagantes. Um dos exemplos é a ideia de um novo conceito de família, que é representado pelas disputas das “casas” em seus bailes. Cada casa contém a representação de uma mãe, a qual sempre é apresentada como uma mulher forte e orientadora dos mais jovens, pois era ainda mais comum naquela época o abando por parte dos pais biológicos e a vida nas ruas.
Trazendo à tona a noite e a cultura gay e trans em Nova Iorque, a história mostra o local onde os “excluídos da sociedade” se uniam para celebrar juntos em competições de várias categorias. Essas disputas, por sua vez, valiam troféus cobiçados por todos no final de cada baile.
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As casas principais eram a de Elektra Abundance (Dominique Jackson), responsável pela casa com o maior número de vitórias, seguida pela de Blanca Evangelista (MJ Rodriguez), que também constrói seu legado quando decide formar sua própria família. Entre os personagens da casa Evangelista estão Damom (Ryan Jamaal Swain), que sempre sonhou em ser dançarino profissional e acabou sendo expulso de casa por querer seguir seu sonho, e sua amiga Angel (Indya Moore), que trabalhava até então como prostituta em alguns locais da cidade.
A série também aborda temas delicados, ainda pouco discutidos ou evitados, apesar de estarem presentes em grande parte da comunidade LGBT+, comoa intolerância dentro da própria comunidade gay perante as pessoas trans. Um bom exemplo é a cena na qual Blanca é expulsa e menosprezada em um bar gay por ser uma mulher trans, sendo alvo de um grupo do qual também faz parte. Essa situação, infelizmente, ainda é comum mesmo no mundo de hoje: existe preconceito dentro da própria comunidade e mesmo homens gays podem ser machistas.
Outro ponto não menos importante mostrado na produção é a marginalização da mulher trans, que precisa trabalhar na indústria do sexo e erotização para sobreviver. E o tema torna-se ainda mais delicado por bater de frente com os órgãos públicos , principalmente em grandes cidades onde ainda é possível ver mulheres trans se prostituindo nas ruas, sem muitas opções. Esse é o caso de Angel, que se apaixona por um homem casado que também a ama, mas fica clara a barreira de aceitação entre os dois.
A epidemia da AIDS também foi abordada na narrativa, como aquela época também foi marcada pelo ápice da proliferação do vírus. A partir disso, abrem-se discussões sobre cuidado, prevenção e acolhimento daqueles que amamos, independentemente do que a pessoa esteja passando.
Como diz o próprio criador Ryan Murphy: “Foi uma reunião de roteiristas com muita emoção. Houve sempre muitas risadas e bastante choro, e muito do que passamos é retratado na série. Mas o principal tema da história é a perseverança”.
A série tem duas temporadas e a terceira já está confirmada pelo canal FOX. E você , tá esperando o que pra assistir essa verdadeira obra de arte que, com certeza, ficará para a história?
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Este conteúdo foi publicado originalmente por Marcos Costa em 28 de Junho de 2020, em nosso antigo site.