Crítica | Quadrinho ‘Bittersweet’ na POC Con 2021

Disponibilizada no evento Poc Con, Bittersweet mostra o lado doce da vida, mesmo nos momentos mais amargos.

Bittersweet é uma história em quadrinhos feita por Mary Cagnin. Em seu prefácio, ela conta que a história era, em um primeiro momento, escrita para o Wattped e, devido ao seu sucesso, foi transformada em quadrinho em 2019.

Capa da história em quadrinhos Bittersweet de Mary Cagnin.

A palavra “Bittersweet” vem do inglês e significa “agridoce”, em tradução livre para o português. Essa palavra resume, literalmente, toda a obra.

Bittersweet: do amargo ao doce

A história passa por um grupo de adolescentes, mas foca principalmente nos principais, os rapazes Nat e Eric.

Nat é um rapaz loiro, alto e musculoso, o típico estereótipo do rapaz pegador, com sex appeal, sem se importar com o que as pessoas pensam sobre ele.

Eric é o seu oposto, reservado e tímido, ao contrário de Nat, e possui um grande coração. É com Eric que temos contato com temas mais sensíveis na obra, como a questão da depressão.

Mas mesmo os dois sendo opostos, o amor começa a florescer entre eles, junto da descoberta de ambos como um casal.

Nat em uma ilustração da autora.
Nat, em uma ilustração da autora Mary Cagnin.

A fase da adolescência é cheia de transformações e nem todas são fáceis, pois, muitas vezes, amadurecer é difícil e demanda muito de nós mesmos. E é justamente nessa fase que os personagens estão, a transição da adolescência para a vida adulta.

Mesmo com personagens parecendo precoces, principalmente Nat, o amadurecimento não é fácil para ninguém.

O sentimento agridoce de amadurecer

Nat, apesar de ser popular e ter um grupo de amigos, não é poupado de comentários preconceituosos sobre sua sexualidade. Uma das cenas mais marcantes da HQ é uma “brincadeira” que ocorre, mostrando que o preconceito consegue estar até em quem menos esperamos. Nem o sentimento de amizade é suficiente para ignorar esse tipo de conduta.

Personagem Eric, em uma ilustração da autora.
Eric, em uma ilustração da autora Mary Cagnin.

Já Eric não passa por problemas dessa natureza. O rapaz é respeitado por sua amiga e até mesmo protegido. Conhecendo o amigo, Juliana o ajuda fornecendo proteção, que pode parecer exagerada, mas o motivo é legítimo.

Um ponto não muito favorável da HQ é não tratar de forma aprofundada dos acontecimentos anteriores na vida de Eric. O personagem melancólico possui um background passível de ser explorado, mas talvez o passado não seja tão mais importante quanto o presente.

E quem na adolescência se importava com o futuro? Os personagens até possuem questionamentos sobre o que está por vir, mas a emoção do presente e as experiências são muito mais atraentes, e esse é o verdadeiro significado da adolescência: preparar-nos para amadurecer.

Ao final da chuva, o sol sempre vem para todos

Apesar de todo o receio e medo da descoberta, Nat e Eric constroem juntos uma relação. E não só eles, mas seus amigos também acabam se descobrindo no decorrer da história.

Fora o plot principal, há pequenas referências às histórias de alguns colegas e amigos dos personagens. Sendo uma representação fiel da vida real, os laços entre as pessoas as unem, criando uma grande rede de colegas e amigos.

Bittersweet pode ter um gosto amargo no início, mas com seus traços e design despojados e modernos, mostra uma narrativa sensível e muito positiva, aquecendo corações mesmo em momentos tão obscuros.

A HQ está disponível pela Gibiteca da POC Con!

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Thamiris Obana
Thamiris Obana

Professora de Filosofia. Girl from São Paulo, gosto de otome game, lasanha e livros.

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