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Os filmes de Isao Takahata
Durante sua carreira no Studio Ghibli, Isao dirigiu cinco filmes totalmente únicos. Não existia um filme “típico” de Isao Takahata, ele trabalhava com uma variedade de estilos de animação. Seus filmes eram obras ousadas e destemidas que não se prendiam a nenhum gênero único. Ao contrário de Miyazaki, ele era fascinado pelas nuances e pelos momentos fugazes da vida cotidiana.
Nascido na província de Mie, Takahata era um experiente diretor de anime na época em que co-fundou o Studio Ghibli junto com Miyazaki e o produtor Toshio Suzuki, em 1986. Uma de suas obras mais conhecidas até então era o anime infantil Heidi: A Menina dos Alpes. Mas seu primeiro filme para o estúdio foi o inesquecível Túmulo dos Vaga-lumes.
Um drama ambientado na primavera de 1945, Túmulo dos Vaga-lumes é sobre duas crianças lutando pela sobrevivência na cidade de Kobe durante os estágios finais da Segunda Guerra Mundial. O filme examina, assim, o impacto devastador da guerra na inocência da infância. Ele foi um divisor de águas para a animação japonesa, mostrando que era capaz de contar histórias “adultas“.
Três anos depois foi lançado Memórias de Ontem, menos emocionalmente devastador do que o anterior, mas não menos habilmente elaborado. O filme segue uma jovem refletindo sobre sua infância. Era diferente de tudo o que se vê na animação: um drama realista feito para adultos, centrado em uma protagonista feminina. E isso não o impediu de se tornar maior sucesso de bilheteria do Japão em 1991.
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PomPoko – A Grande Batalha dos Guaxinins, filme inspirado em mitos populares do folclore japonês, o seguiu. Ele conta a história de uma família disfuncional de tanukis em transformação, que deve deixar de lado suas diferenças quando sua casa está sob a ameaça de construtores humanos. Charmoso e engraçado, a obra deu a Takahata espaço para mostrar um lado mais lúdico e bem-humorado do diretor.
O sucessor foi Dias de Inverno, baseado na obra do reverenciado poeta japonês Banshoi. Mas o filme que se tornaria a obra-prima de despedida de Takahata não se materializou até O Conto da Princesa Kaguya, de 2013. Adaptado do conhecido conto folclórico japonês de uma menina com origens mágicas, o filme foi indicado para Melhor Animação no 87º Oscar. Ele é, portanto, uma das maiores conquistas artísticas do Studio Ghibli.
A notícia da morte de Takahata em 2018 foi repentina e inesperada. Seus filmes são um testemunho duradouro de um gênio discreto, e seu incrível talento ajudou a definir um dos maiores estúdios de animação de todos os tempos. Sua abordagem atípica e incomparável da produção de filmes continuará a inspirar os criadores por muito tempo.