Godzilla: Rei dos Monstros - O Fenômeno Japonês

O primeiro filme de Godzilla foi lançado no Japão em 1954. Sessenta e seis anos depois, uma versão hollywoodiana personagem foi lançada, provando que o Rei dos Monstros ainda governa de forma suprema.

A longevidade de Godzilla (conhecida como Gojira no Japão) viu o lançamento de 32 filmes dos Toho Studios em Tóquio e três filmes adicionais de Hollywood, ganhando o status da cultura pop com brinquedos, desenhos animados e até um hotel em seu nome.

Godzilla nasceu de uma fusão de eventos. Imediatamente após a Segunda Guerra Mundial, a discussão sobre os ataques atômicos a Nagasaki e Hiroshima foi limitada pelas leis de censura impostas pelos Aliados. As restrições diminuíram e, no início dos anos 50, a Toho Studios, a maior empresa de produção e distribuição de filmes do Japão, começou a planejar um filme sobre as consequências dos ataques.

Na mesma época, uma equipe de expedição japonesa a bordo do Lucky Dragon 5 navegou muito perto dos testes nucleares americanos em Bikini Atoll, no Oceano Pacífico. Os marinheiros sofreram ferimentos horríveis e o incidente causou indignação no Japão, estimulando um movimento antinuclear no país.

Também estavam em andamento planos para produzir um kaiju eiga (filme de monstros) no Toho. Kaiju tem um significado de longa data na cultura japonesa, que antecede a indústria cinematográfica. Porém as representações das kaiju como as conhecemos hoje vêm do cinema.

Outra grande influência no filme original de Godzilla foi o filme de Hollywood King Kong (1933), que foi relançado no Japão em 1952. A primeira encarnação de Godzilla foi baseada em uma combinação de gorila e baleia (kujira), de onde é derivado o termo Gojira, ou ゴジラ.

O primeiro filme de Godzilla contém elementos de todos os itens acima mencionados. Um kaiju gigante é despertado por testes nucleares e sofre mutação radioativa, o que resulta nos ataques subsequentes ao Japão. O estrago causado pelos tumultos de Godzilla faz referência à devastação deixada para trás pela guerra, o que fez sucesso com o público japonês.

O grande sucesso no mercado interno chamou a atenção de Hollywood. Essa versão recebeu o nome de ‘Godzilla: Rei dos Monstros!’. Porém, sem a nuance da versão japonesa, o filme falhou nas bilheterias.

A série de filmes Toho, continuou sendo um grande sucesso no Japão, tornando-se uma parte intrínseca da cena cinematográfica do país. Ainda hoje existem vários adereços e outras parafernálias do filme original no estúdio, localizado no distrito de Chiyoda, em Tóquio.

Alguns dos 32 filmes têm apresentado outros monstros que se tornaram estrelas por si só, com spin-offs, videogames e shows animados aumentando a obra. Os filmes originais evoluíram rapidamente do tom sério do primeiro para uma série mais cômica e amigável para crianças.

A versão de Godzilla de 1954, que foi editada às pressas para o público americano, manchou a percepção do personagem fora do Japão. Os filmes nipônicos subsequentes acabariam chegando à TV, criando um culto de seguidores.

A dupla de roteiristas e diretores Dean Devlin e Roland Emmerich foi encarregada de fazer uma versão hollywoodiana de Godzilla em 1998, com um dramático re-design do kaiju.

Mais tarde, em 2019, Michael Dougherty, tendo sido um fã dos filmes japoneses mesmo antes de iniciar uma carreira no cinema, criou um filme que deliberadamente faz referência à rica herança de Godzilla.

Os fãs do original podem identificar uma grande variedade de monstros com os quais já estarão familiarizados. Godzilla: Rei dos Monstros vê o kaiju furioso por todo o planeta, algo que não seria possível dentro dos limites da tecnologia antiga.