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“Fim de semana no paraíso selvagem” faz sua première mundial na competição Novos Diretores da 46ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo
Fim de semana no paraíso selvagem, segundo longa do diretor pernambucano Severino, que anteriormente assinava seus trabalhos como Pedro Severien, faz sua première mundial na na competição Novos Diretores da 46ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, no próximo domingo, 23 de outubro, às 21h10, no espaço Itaú de Cinema – Frei Caneca. O Filme ainda terá exibições nos dias 26 de outubro no Instituto Moreira Salles e 27 de outubro no Circuito SpCine – CEU Perus, CEU Meninos e CEU Vila Atlântida.
Em seu primeiro papel como protagonista em um longa, Ana Flavia Cavalcanti é Rejane – que chega a um território de disputas desleais entre tubarões e peixes pequenos para tentar entender o que aconteceu com seu irmão Rodrigo, interpretado por Pedro Wagner, um exímio mergulhador encontrado morto em um mar cercado de sombras por todos os lados. No elenco ainda estão Joana Medeiros, Zezé Motta e Eron Villar.
Outro destaque do filme é a música original composta e executada por Amaro Freitas, pianista revelação do jazz com projeção internacional. Esta é sua primeira trilha sonora para o cinema.
Na obra Rejane se torna um corpo-encruzilhada, que abre o tempo para trás e para frente. Nas caminhadas pelos territórios do seu próprio passado, ela se reencontra com Naná (Zezé Motta) que conviveu com sua mãe, misteriosamente assassinada quando Rejane ainda era muito nova. Na convivência nem sempre amigável com o filho Ivan (Luciano Pedro Jr.), termina também encontrando pistas de como a geração mais nova vai encarar o futuro.
Rejane procura montar as peças de um quebra-cabeças que inclui a influência de uma médica da região, Maristela (Joana Medeiros), as palavras não ditas por Junior (Eron Villar), amigo e sócio de seu irmão, e os relatos afetivos de Amós (Edilson Silva) com quem Rodrigo havia se relacionado.
A curadora e crítica de cinema Carol Almeida afirma que “entre a iluminação azul de uma piscina com vista pro mar e o reflexo alaranjado de gigantes navios estacionados na água, há uma combustão simultaneamente racial e classista sendo criada. O embate entre as forças de controle e as forças de resistência parece ser inevitável, e Rejane precisa distinguir quem e o que, no meio do inferno, se disfarça de paraíso”, explica Carol.
Já para o diretor Severino, “durante o processo de pesquisa, escrita e realização das imagens e sons, compreendi que o coração do filme, o lugar onde as ideias pulsam, e a carne que constitui o seu corpo é a memória coletiva. Essa dimensão da memória é importante tanto como força de construção para uma paisagem, seja a paisagem de poder ou de sentimentos, e permite que eu possa lidar com o simbólico como ferramenta de cuidado, cura e transformação. Se Rejane mergulha em águas turvas e profundas, a priori em busca de evidências sobre a morte do seu irmão Rodrigo, a repetição desse ato desloca pouco a pouco o mergulho para dentro de si mesma”, complementa.
Ana Flavia Cavalcanti entrega uma interpretação hipnótica. Ela é uma das atrizes emergentes mais importantes do país, com atuações marcantes na TV (Sob Pressão) e no cinema (Casa de Antiguidades, Corpo Elétrico). Recentemente, participou das filmagens da série Notícias populares, dirigida por Marcelo Caetano.
Primavera do cinema pernambucano
Três longas metragens pernambucanos estiveram na Mostra Premiere do Festival do Rio 2022: Propriedade, de Daniel Bandeira, Paterno, de Marcelo Lordello e Paloma, de Marcelo Gomes. Junto com Fim de semana no paraíso selvagem na competição Novos Diretores da 46ª Mostra de São Paulo, esse conjunto de trabalhos dá destaque a uma potente (e inesperada) safra do cinema feito no Estado.
Os filmes fazem parte de uma geração de recentes produções pernambucanas que resistiram à pandemia e aos sucessivos ataques às políticas culturais do governo federal. Após um duradouro inverno, essa safra agora vem encontrando, em 2022, o caminho de volta às salas de cinema.
Sobre o diretor
Severino (1978) é um roteirista e diretor de cinema recifense. Possui uma variada produção de curtas (assinados anteriormente como Pedro Severien), com filmes premiados como Canção para minha irmã e Loja de répteis. Seus trabalhos circularam em dezenas de festivais nacionais e internacionais a exemplo de Clermont-Ferrand, Indielisboa, Cartagena, Havana, Kinoforum e Brasília. Como ativista, participou da realização de uma série de produções engajadas na luta pelo direito à cidade. Seu primeiro longa-metragem, Todas as cores da noite, estreou no Slamdance e recebeu prêmio do público no Festival de Vitória. Possui mestrado em Realização Audiovisual pela Universidade de Bristol.
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