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Filmes Distópicos e suas Utopias – Entenda Melhor
Catástrofes da natureza, problemas climáticos, doenças contagiosas que matam milhões de uma única vez, regimes autoritários e opressores, entre outros acontecimentos que desintegram a ordem social vigente, são muito utilizados nas narrativas dos filmes distópicos.
Observa-se que as histórias distópicas, em geral, apresentam o agravamento de situações e acontecimentos que estão presentes na sociedade atual, como se fosse um alerta ou uma previsão sobre desastres que estão por vir futuramente, indicando que o presente estaria à beira de enfrentar colapso.
Uma das grandes facetas de filmes distópicos é a abordagem de problemas socioculturais que estamos vivendo, apresentando-os de outra forma e gerando reflexões. Outro fator interessante de tais longas é que, em meio à distopia, apresentam idealizações e caminhos utópicos!
Utopia? Calma que a gente explica.
Um Pouco de Teoria…
Um lugar utópico é considerado perfeito de se viver em todos os sentidos: estrutura, economia, organização social, espaço geográfico, governança, moradia das pessoas… Um lugar em que não existiriam os problemas que enfrentamos na sociedade atual.
Isso posto, vamos apresentar dois tipos de utopias: a projetista e a iconoclasta.
A primeira consiste em projetar um modelo de mundo perfeito, que teria cada detalhe definido e planejado, seguindo regras e padrões que estabeleçam como deve ser esta sociedade utópica.
A segunda também busca e idealiza um mundo melhor, contudo, ela nega qualquer tipo de definição, padrão e norma de como deveria ser esse futuro idealizado. A sociedade superior desejada pela utopia iconoclasta se desenvolve com base na reflexão e no pensamento crítico.
Nessa utopia, é mais importante o processo do que o resultado final. Busca-se um caminho para uma sociedade melhor. Ouvindo-se os interesses coletivos e individuais, procura-se por alternativas possíveis para desenvolver uma sociedade superior em um processo indefinido.
Por fim, a distopia seria um meio sociocultural problemático e caótico no qual perduraria uma forte dominação e opressão, seja política, religiosa ou com qualquer ideia ou governança autoritária. Os indivíduos são despidos de liberdade em vários sentidos.
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Relação entre Utopia e Distopia
Enquanto a utopia seria um mundo perfeito, a esperança por um mundo melhor, a distopia seria um mundo em que a busca pela perfeição tornou a sociedade ainda pior.
Lembre-se de que a idealização de um mundo utópico pode variar de pessoa para pessoa, de acordo com o contexto sociocultural ao qual está inserida. Assim, o que seria uma sociedade ideal para um grupo, pode não ser para outro.
Desta forma, sempre haverá conflitos, pois quando se concretiza um lugar perfeito para uns, torna-o distópico para outros. Ou seja, a distopia apresenta uma visão negativa do futuro que, na maioria das vezes, é causada pela ação humana a fim de criar um futuro melhor, a partir da imposição de um modelo estabelecido. As distopias seriam, assim, consequências de utopias deterioradas.
Bom, vamos ver na prática como esses conceitos aparecem e se relacionam?
Ah! Para facilitar sua compressão, é importante que já tenha visto os filmes distópicos que traremos abaixo.
Mad Max: Estrada da Fúria
Este futuro distópico é o resultado de bombas nucleares e conflitos entre países. Immortan Joe é o opressor dessa narrativa, e ele não só detém o poder e centraliza os recursos necessários para sobrevivência, como também criou para si uma imagem de um deus e explora todos à sua volta para alimentar um sistema violento e desumano de guerra, só visando o bem próprio.
Em meio a esse caótico universo, encontramos a utopia. Veja bem… a dominação é algo muito presente na narrativa e uma forte característica da distopia, contudo, há também, tão forte quanto, o sentimento da esperança de dias melhores, de um mundo melhor do que aquele.
Os personagens se unem por esse sentimento de esperança e seguem aquela estrada furiosa enquanto são perseguidos. Perceba que essa esperança os motiva a enfrentar o opressor e findar com seu sistema, porém, apesar de ansiar por uma realidade melhor, não idealizam um modelo de sociedade com padrões, normas, regras e estruturas, apenas buscam liberdade e acesso a recursos para sobreviver.
Franquia Jogos vorazes
Na franquia Jogos Vorazes, o Presidente Snow manipula toda uma sociedade e, inclusive, exerce certa alienação nas pessoas, em especial por ter sob o seu controle a mídia audiovisual.
Assim, ele televisiona 24 crianças e jovens se matando, e enquanto muitas pessoas sofrem com a perda, outras se divertem com o espetáculo. Mas no final, todos ficam entretidos demais, esquecendo-se da pobreza em que vivem e de contestá-la.
Jogos Vorazes é um filme que faz jus à expressão “pão e circo”: As pessoas assistem aos jogos, torcem e choram, têm seu espetáculo e os sobreviventes ganham alimento e moradia para o resto da vida. Assim, perdura-se a manipulação, o terror e o domínio de um ditador.
Observe o discurso que é feito no telão:
Veja que o sistema é apresentado como o ideal, que mantém a paz, a ordem e concede a “liberdade”. Definitivamente, estamos diante de um regime manipulador, violento e opressor.
Entretanto, para o Presidente e para as pessoas da capital, que esbanjam luxo e recursos, aquele é o mundo perfeito, o sistema social ideal. Para eles, certamente estão vivendo uma utopia. Já para maioria dos distritos, estão em uma realidade distópica.
Assim, como no exemplo anterior, a esperança é algo muito presente e, inclusive, é mencionada com frequência pelos personagens. É a esperança que faz todos se movimentarem para mudar essa realidade.
Eles querem um mundo sem os jogos, sem o presidente. Porém, até então, não há uma definição de como seria a nova Panem. Isso permanece até a chegada da personagem manipuladora Alma Coin, que visivelmente já tem bem planejado e estruturado como seria a nova Panem: com ela no poder, certamente.
Ela traz a utopia projetista, que possivelmente resultaria, futuramente, em uma distopia. Entretanto, é impedida pela Katniss Everdeen, que a mata ao final da história, ao perceber que seria uma nova ditadora, a qual não aprendeu com os erros do passado.
Trilogia Divergente
Aqui temos novamente um ambiente devastado pela guerra, que possivelmente foi nuclear. Vemos os destroços do que foi a cidade de Chicago. Porém, ao mesmo tempo, há uma nova cidade construída com estruturas e instituições sociais bem definidas. Para ser mais específica, as pessoas precisam obedecer às regras e normas das cincos facções que regem essa sociedade.
Perceba que as pessoas estão cientes de que são controladas por esse sistema. Contudo, inicialmente não se rebelam porque consideram ou foram convencidas de que ele garante a paz e a ordem. Ele foi criado e planejado pelos fundadores dessa sociedade. Temos aqui, novamente, a idealização de um futuro utópico projetado, que deteriora-se e torna-se uma distopia.
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Temos também a esperança, mas o sentimento mais explícito é a liberdade, algo do qual todos são despidos de alguma forma. Busca-se, então, alcançar a liberdade. E que esta promova um mundo melhor, sem estabelecer como seria esse novo mundo.
Assim como em Jogos Vorazes, há aqueles que querem novamente manter um sistema controlador, manipulador e excludente. Mas a protagonista procura não permitir que eles permaneçam no poder.
Perceba que, em ambos os três filmes distópicos, temos tal realidade originada pela busca da perfeição, pela projeção de um mundo melhor. E ao desenrolar da história, vemos a idealização da utopia iconoclasta.
Dois sentimentos são apresentados nos três exemplos que trouxemos: liberdade e esperança, mas sempre um é mais evidenciado. São eles que conduzem os personagens a se rebelarem contra a opressão e a dominação.
Certamente, a forma como foram conduzidas as distopias e utopias nos longas acima não é uma regra para os filmes pertencentes a esse gênero. Todavia, não podemos negar que sempre abordarão problemas presentes em nossa sociedade, fazendo-nos refletir.
O ponto mais importante desses filmes distópicos não é o tipo de utopia que queremos ou qual é a melhor maneira de tornar o mundo um lugar melhor. O objetivo é termos em mente que nenhum tipo de regime, grupo social, governo ou sistema que justifique ausência da liberdade em nome da paz e da ordem merece nosso apoio, especialmente aqueles que disseminam mentiras, informações enviesadas, crenças e ideais radicais.
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Afinal, isso já aconteceu no passado, não é mesmo? Aprendemos, através da história, como regimes totalitários fizeram mal à sociedade como um todo. Apoiá-los seria cometer os mesmos erros do passado, ao mesmo tempo em que condenamos o nosso futuro.
E por fim, a partir dos conhecimentos trabalhados aqui, te convidamos a assistir estes ou outros filmes distópicos. Mesmo em relação àqueles que vocês já conhece, sua experiência em assisti-los novamente com certeza será outra!
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