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Direção preta | 9 motivos que o cinema nacional lhe oferece para refletir sobre a causa preta brasileira
Ao longo do último ano, diante das atrocidades vivenciadas pela população preta brasileira, não faltaram conteúdos na mídia sobre o assunto. No que se refere ao cinema, um dos destaques foi a polêmica envolvendo a direção da série Marielle, que era predominantemente branca.
Não faltaram matérias contrárias às palavras da roteirista Antonia Pellegrino em sua justificativa sobre não haver profissionais pretos para a direção da obra. Muitas matérias enalteceram a direção preta brasileira e seus trabalhos.
Mas a questão é: será que os leitores foram capazes de entender o quanto a direção preta é invisibilizada? E o quanto a sociedade brasileira perde com isso?
Infelizmente, em uma breve pesquisa no Google, observa-se que poucos possuem informações consideráveis no buscador. Em alguns casos, se faz necessário citar o nome completo da direção mais o título da produção para encontrar com mais facilidade resultados relacionados.
É bom sempre lembrar que essas obras, não só com atuações pretas como também roteirização e direção, são mais adequadas para representar essa luta, o lugar de fala de milhões de brasileiros. Afinal, elas são construídas a partir do olhar de quem sente o racismo na pele.
9 direções pretas brasileiras
1. Renata Martins
Diretora e roteirista tem como um dos marcos de sua carreira o curta-metragem ficção Sem asas (2019) sobre um menino preto de 12 anos que foi ao mercado comprar farinha e descobriu que poderia voar. A obra conquistou o Grande Prêmio do Cinema Brasileiro de Melhor Curta-Metragem Ficção, em 2020.
Outras obras
- Dediane Souza (curta documentário, 2015)
- Mc Soffia (curta documentário, 2015)
- Catarina Delfino (curta documentário, 2016)
- Quilombo das Brotas (curta documentário, 2017)
2. Diego Paulino
Diretor, nascido no interior de São Paulo e formado pelas instituições de ensino UFSCar no Brasil e pela Universidade de Lethbridge no Canadá.
Seu nome é muito relacionado à sua obra premiada NEGRUM3 (2018), um curta documentário que conquistou mais de 18 prêmios e tem passagem em mais de 40 festivais nacionais e internacionais. Essa obra carrega questões como raça, gênero e sexualidade, trazendo como foco a comunidade preta e LGBTQI+.
3. Yasmin Thayná
Roteirista, diretora e fundadora do Afroflix (2016), uma plataforma digital e colaborativa que disponibiliza conteúdos que contenham na produção ao menos uma área de atuação técnica/artística assinada por um profissional preto.
Uma das obras mais renomadas da cineasta, que inclusive conquistou o prêmio de Melhor Curta-metragem da Diáspora Africana da Academia Africana de Cinema (AMAA Awards 2017), é o curta-metragem Kbela (2015). Esse também passou em dezenas de festivais ao redor do mundo, como por exemplo o Festival Internacional de Cinema de Rotterdam (IFFR, 2017).
O curta aborda uma questão muito presente na vida de milhões de mulheres brasileiras: o cabelo afro.
4. Juliana Vicente
Diretora, produtora e fundadora do Preta Portê Filmes (2009), uma produtora de cinema e conteúdo audiovisual para TV e outras mídias que tem como um de seus principais propósitos a construção de conteúdos que promovam a diversidade em vários âmbitos.
As obras de Juliana tem participação em vários festivais, sejam nacionais ou internacionais. Uma das mais famosas é o curta Cores e Botas (2010), no qual uma menina preta quer ser uma paquita da Xuxa. Entretanto, as paquitas são todas brancas e loiras.
Outras obras
- As Minas Do Rap (Documentário, 2015)
- ANNA K (2015)
- Farol Invisível (Curta documentário, 2017)
- Leva (Documentário, 2011)
- O Olho e o Zarolho (Curta, 2013)
5. Joel Zito Araújo
Uma das grandes referências da direção preta brasileira, Joez Zito. Mineiro, escritor, professor, roteirista, diretor, pesquisador e cineasta, reconhecido internacionalmente pelos seus trabalhos no universo do cinema, em especial abordar questões sociais, trazendo reflexões sobre gênero, etnia, política etc. Ele possui uma gama considerável de obras, muitas delas premiadas:
- Memórias de Classe (1989 )
- Alma Negra da Cidade (1990)
- São Paulo abraça Mandela (1991)
- Almerinda, Uma Mulher de Trinta (1991)
- Retrato em Preto e Branco (1993)
- Eu, Mulher Negra (1994)
- Ondas Brancas nas Pupilas Negras (1995)
- A Exceção é a Regra (1997)
- A Negação do Brasil (2000)
6. Sabrina Fidalgo
A Renomada direção preta brasileira: Sabrina Fidalgo. É atriz, diretora e roteirista. Foi nomeada pela publicação americana BUSTLE a oitava cineasta mais promissora ao redor do mundo, em uma lista com 36 diretoras internacionais.
Ela possui obras exibidas em mais de 300 festivais, sendo uma das mais renomadas o curta-metragem Rainha (2016), que traz questões que envolvem algo muito comum entre os brasileiros: o carnaval e o corpo feminino.
Outras obras
- Sonar (Curta documentário, 2006)
- Black Berlim (Curta, 2009)
- Cinema Mudo (Curta, 2012)
- Personal Vivator (Curta, 2014)
- Rio Encantado (Documentário muscial, 2014)
- Alfazema (Curta, 2019)
7. Jeferson De
Ator, roteirista e diretor brasileiro, conquistou prêmios já em um dos seus primeiros trabalhos, o filme Bróder (2010). Foipremiado em festivais brasileiros e um dos destaques do conceituado Sundance Screenwriters Lab, na Alemanha.
Recentemente, Jeferson dirigiu o filme M8 – Quando a morte socorre a vida (2019).
Outras obras
- Prisioneiro da Liberdade (2019)
- Correndo Atrás (2018)
- O Amuleto (2014)
- Celulares (2013)
8. Higor Gomes
Morador da cidade de Sabará, região metropolitana de Belo Horizonte, Higor Gomes é graduado em Cinema e Audiovisual pelo Centro Universitário UNA (2018) e pela Escola Livre de Cinema (2014).
O curta-metragem Impermeável Pavio Curto (2018) foi seu trabalho de conclusão de curso e através dele conquistou mais de 5 prêmios como Melhor Filme na Mostra Competitiva Minas 20º FESTCURTASBH, com passagem em mais de 20 festivais.
Leia também:
- Como a série ‘Todo mundo odeia o Chris’ retrata o racismo nos Estados Unidos
- A representação da pessoa negra em narrativas audiovisuais hollywoodianas e brasileiras
9. Camila de Moraes
Uma das obras que marcam a carreira da jornalista e cineasta Camila Morais é o curta-metragem A Escrita do Seu Corpo (2016), que trata sobre as questões de identidade racial e de gênero. Em 2017, ela dirigiu o documentário O Caso do Homem Errado, um dos filmes pré-selecionados para representar o Brasil no Oscar na categoria de Melhor Filme Estrangeiro para a edição de 2019.
Como pode ver, essas são obras reconhecidas internacionalmente, que participaram de festivais e foram premiadas. Isso revela o grande talento e capacidade da nossa direção preta brasileira.
Muitas dessas produções tem 30, 20 e até mesmo 15 minutos, uma duração muito pequena, mas que, por vezes, pode revelar e representar mais coisas do que um longa de 2 horas que fala de pessoas pretas, mas dirigido por pessoas brancas.
E agora, ao fim da leitura, gostaria de fazer algumas provocações:
- Quais desses cineastas você conhecia?
- Quais dessas obras você ao menos ouviu falar? Em qual contexto?
- Quantas dessas produções você já chegou a assistir?
- Caso tenha se interessado por algum desses diretores, pesquise sobre ele no Google e avalie quantas informações você irá encontrar.
Deixe aqui nos comentários!
Em breve traremos uma segunda lista de direções pretas brasileiras.
Leda sempre arrasando nos textos!! ♥
Obrigada?! Que bom que gostou!
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