Acompanhe o Otageek nas redes sociais
Média ‘Rainha’ | A opressão sobre o corpo feminino
A palavra carnaval nos remete a muitas coisas: cores vivas, música, folia, festa e etc. No entanto, o carnaval brasileiro possui outros aspectos, que por vezes são tão fortes quanto os citados anteriormente. No entanto, não os enxergamos mesmo que sejam óbvios. E é sobre alguns desses aspectos que a cineasta Sabrina Fidalgo nos traz em seu média-metragem brasileiro Rainha (2016).
Dirigido e roteirizado por Sabrina Fidalgo, o média-metragem de ficção é ambientado em uma comunidade carioca. A narrativa utiliza apenas duas cores: preta e branca, que literalmente descolorem o carnaval, revelando seu lado mais sombrio e trazendo um ar mais melancólico.
Na composição do elenco temos Ana Flávia Cavalcanti (protagonista), Marcos Andrade, Bianca Joy Porte, Marília Coelho e a própria Sabrina Fidalgo que é uma das coadjuvantes. A obra Rainha já participou de festivais e foi premiada, como no Festival Internacional de Curtas do Rio de Janeiro Melhor Filme – Júri Popular.
Sinopse
A narrativa traz Rita, uma moradora de comunidade carioca, que finalmente conquista o sonho de ser eleita como Rainha da escola de Samba, no entanto, pode ser uma prisão disfarçada de sonho.
Padrão de beleza e corpo objetificado
Rita buscava incessantemente se adequar ao padrão de corpo exigido para uma Rainha de escola de samba, principalmente no que se refere à exposição e erotização de coxas, seios e glúteos.
Já parou para pensar sobre qual é umas das imagens turísticas que é propagada do Brasil? O país, por vezes, é conhecido internacionalmente pelo futebol, samba, carnaval e pela beleza feminina, particularmente a mulata sensual. O quanto o corpo de mulheres brasileiras são propagadas como objeto de consumo? E o quanto isso afeta o imaginário das brasileiras na busca pelo corpo ideal?
Prisão disfarçada de sonho
Observa-se ao longo da narrativa o uso da técnica cinematográfica Alegoria. A constante presença de elementos que simbolizam grades e a ideia de estar aprisionada. Isso seja através dos muros e portões de casas, as sombras, a disposição dos equipamentos na academia, a arquitetura do prédio, os corredores com certo estreitamento que lembram ambientes prisionais, entre outros exemplos apresentados no média-metragem Rainha.
Tal repetição desse padrão nos remete o quanto a protagonista se tornou uma prisioneira das normas estabelecidas ao corpo, em seu sonho de ser Rainha da escola de samba.
A personificação de problemas socioculturais
Em uma mistura de realidade e imaginação/delírio, temos uma gangue de mulheres que aparecem em alguns momentos da narrativa com o objetivo de prejudicar Rita, já eleita Rainha da escola de samba. Elas representam dois problemas socioculturais:
- O RACISMO – a não aceitação de uma mulher preta em posição de superioridade;
- A RIVALIDADE FEMININA – na trama temos literalmente a competição entre as jovens para se tornar Rainha da escola da samba e, nesse cenário, temos dois fortes fatores que provocam a rivalidade entre mulheres: disputa pela beleza (a busca pelo corpo ideal, o que exclui as demais que não alcançam tal padrão) e a disputa de poder (a ascensão de uma ao invés da vitória de todas significa a derrota das demais que não foram eleitas).
Leia também:
- Sororidade: 11 reflexões contidas em filmes
- Cores e botas | 7 motivos para entender importância desta obra para o Brasil
A obra Rainha é mais umas das grandes produções brasileiras que muito tem a dizer sobre o Brasil em apenas 31 minutos de narrativa. No entanto, ainda é pouco valorizada pelos próprios brasileiros.
Mais se você chegou até aqui fica mais 31 minutinhos e veja umas das grandes contribuições de Sabrina Fidalgo ao cinema brasileiro:
Leia também:
- Direção preta | 9 motivos que o cinema nacional lhe oferece para refletir sobre a causa preta brasileira
- A representação da pessoa negra em narrativas audiovisuais hollywoodianas e brasileiras
[…] Média ‘Rainha’ | A opressão sobre o corpo feminino […]
[…] Média ‘Rainha’ | A opressão sobre o corpo feminino […]
[…] Curta ‘Rainha’ | A opressão sobre o corpo feminino […]
[…] Média ‘Rainha’ | A opressão sobre o corpo feminino […]