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Crítica | Wolfwalkers: a fantasia em prol da busca de ser livre
Longa produzido pelo estúdio irlandês Cartoon Saloon, que já colocou várias outras animações no Oscar, Wolfwalkers também chega forte na disputa deste ano, concorrendo na categoria de Melhor Animação.
Wolfwalkers, que se encontra disponível no catálogo da Apple TV+, é dirigido por Tomm Moore em parceria com o estreante Ross Stewart. Aqui, o longa fecha uma trilogia dos filmes do Moore, que retratam o belíssimo folclore irlandês.
Bem, quem conhece a Cartoon Saloon sabe o quão cuidadosos são em relação a todos os seus projetos. Estão sempre explorando o seu folclore e levando toda a história para algo mais emocional, longe das cenas de ação. Porém, em Wolfwalkers, Moore aposta nelas e em momentos mais dinâmicos, sem perder a doçura da narrativa e encantamento visual padrão dos seus trabalhos.
Sinopse
Robyn, uma jovem inglesa, vai para a Irlanda com seu pai na tentativa de eliminar um bando de lobos. Inspirada pelos feitos dele, a menina quer a todo custo ajudá-lo nessa caçada e mostrar o quão boa é com sua besta. Assim, indo contra as ordens de seu pai, Robyn acaba encontrando a líder dos lobos, Mebh, e percebe que nada do que ela imaginava sobre eles era verdade.
Wolfwalkers é bom?
Wolfwalkers, com o roteiro de Will Collins, traz a lenda, o folclore e a fantasia como forma de relacionar a fé religiosa à destruição dos lugares e dos povos que lá habitam. Os lobos e os Wolfwalkers são tratados como bruxos, satânicos e aberrações, levando assim o exército local a tentar de todas as formas exterminar todos eles.
Além disso, a trama consegue também relacionar como o avanço da civilização contribuiu para o desmatamento e extermínio de várias espécies que lá viviam. Ou seja, como nós estamos ocupando os espaços que não nos pertencem, consequentemente, os animais selvagens estão cada vez mais perto da gente, por não haver o tamanho de terras necessário para eles viverem.
E essa ideia também é refletida na estética do desenho. Tendo uma animação 2D impecável (aliás, a melhor do estúdio até então), o longa contrapõe as cores vivas das florestas com os tons frios e sem vida do pequeno vilarejo. Além dos traços fluidos da natureza e a representação visual de como os lobos sentem o cheiro, é tudo lindo e completamente envolvente.
Uma curiosidade é que há uma brasileira envolvida nessa produção. A animadora Tatiana Mazzei, que já havia trabalho em outros projetos do estúdio, agora chefia a equipe de clean-up, ou seja, é responsável por finalizar quadro a quadro da animação. Além dela, o quadrinista Eduardo Damasceno ficou por conta de chefiar toda a parte de cenário do longa.
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Wolfwalkers é para as crianças?
Mesmo que a trama utilize a fantasia para tratar de temas sérios, a animação é sim para toda e qualquer criança. Para preencher tudo isso, temos em Wolfwalkers uma história sobre amizade. Robyn e Mebh são duas garotinhas de mundos completamente diferentes, que para buscar a liberdade que desejam, vão juntas brincar, ensinar e se ajudar para conseguirem, no final de tudo, ser livres.
E é claro que a animação será um encanto a todas elas. Como dito anteriormente, os traços são dinâmicos, vivos, mágicos… atrativos para os pequenos. Além das personalidades aventurescas das duas garotinhas, que vão empolgá-los e deixá-los eufóricos, na torcida pelas protagonistas.
A relação do papel das mulheres e de sua liberdade de escolha é também tema de discussão desse longa. Robyn, que desde de sempre desejou ser uma guerreira, é sempre impedida pelo pai – a princípio por preocupação -, mas em um certo momento da história, a jovem se vê obrigada a trabalhar com mulheres idosas que servem os homens há muito tempo.
Wolfwalkers lindamente fala sobre liberdade, crenças, preconceito, exploração animal, desmatamento e amizade. Com uma qualidade visual absurda e uma trilha sonora pontual, que eleva ainda mais a qualidade do projeto, o filme teria sim todos os requisitos para sair vitorioso da premiação do Oscar… caso animações de populares estúdios não estivessem nessa acirrada disputa.
Veja o trailer:
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