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Crítica | Total War: Three Kingdoms Fates Divided e a queda dos Han
Total War: Three Kingdoms é um jogo de estratégia em turnos lançado em 2019. Ele insere o jogador em um momento da história chinesa no qual a dinastia Han cai e inicia-se a batalha para determinar o novo imperador. Em março de 2021, foi lançada a expansão Fates Divided, da qual vamos tratar nessa crítica.
Contexto Histórico
A dinastia Han governou a China no período de 206 a.C. a 220 d.C. E é justamente a partir dos anos que se antecederam à queda dessa dinastia que se passa o jogo Total War: Three Kingdoms. Os eventos que levaram ao fim do Império Han são complexos e recomendamos fortemente que você procure por fontes oficiais caso queira saber mais sobre o assunto. Mas aqui lhe daremos um breve resumo dos fatos para que se habitue ao contexto da obra.
Em 194 d.C., eclodiu na China uma rebelião contra o Império Han denominada Revolta dos Turbantes Amarelos. Ela era composta basicamente por donos de terras, agricultores sem terra e ex-soldados desempregados devido às más condições de vida naquele tempo.
Essas pessoas eram em sua maioria fruto da migração do norte para o sul devido a uma crise agrária nessa região. Chegando às novas terras, elas acabaram sendo muito exploradas pelo grandes proprietários, além de pagar altos impostos. Como se não bastasse, tudo isso foi agravado por cheias menores que o normal no Rio Amarelo, diminuindo a produção agrícola.
Mas então essa revolta acabou derrubando os Han? Calma lá… não diretamente. Com a eclosão dessa e outras revoltas parecidas, o imperador Ling não conseguiu estabelecer uma autoridade central firme e acabou cedendo grande poder e autonomia aos seus generais. Por fim, esses generais começaram a nutrir interesses próprios à medida que punham um fim na rebelião.
A consequência disso foi a derrocada dos rebeldes em 205 d.C. e uma transferência de poder do imperador para os generais. Outro fator agravante para a queda do império foi que Ling morreu em 189 d.C. e o trono foi assumido por seu filho Liu Bian (imperador Shao), com 13 anos.
Devido à inexperiência própria e inabilidade de seus regentes, Bian foi facilmente deposto pelo senhor de guerra Dong Zhuo, que pôs em seu lugar o filho mais novo de Ling, Liu Xe (imperador Xian), na época com 8 anos. Com essa manobra, Zhuo passou a controlar Liu Xe e se tornou o verdadeiro soberano.
E o garoto continuou a servir como um amuleto de poder quando, em 196, após se livrar do comando de uma série de outros generais que mataram Zhuo, foi resgatado pelo senhor de guerra Cao Cao. O novo algoz usou também o jovem para se sagrar como novo soberano em relação aos generais rivais envolvidos nessa disputa por poder.
Todavia, mesmo com esse trunfo, Cao Cao ainda passou a dividir o poder com dois outros generais de igual envergadura bélica, Sun Quan e Liu Bei. Quando ele enfim morreu, seu filho Cao Pi forçou Xian a entregar o trono, selando o fim da dinastia Han. A partir de então, deu-se início ao período dos Três Reinos no qual se passa a maior parte de Total War: Three Kingdoms.
Cao Pi governava o reino Cao Wei no norte, Sun Quan governava o reino Wu ao sul e Liu Bei governava o reino Shu-Han no oeste. A expansão Fates Divided se inicia um pouco antes disso, em 200 d.C., centrando-se na batalha entre Cao Cao e Yuan Shao pelo norte (cujo vencedor foi Cao Cao na história real, como mostrado anteriormente).
Escolha dos Generais
Na expansão Fates Divided, você evidentemente só vai poder escolher entre Cao Cao e seu amigo de infância e agora rival Yuan Shao. Todavia, ainda é possível se aventurar fora da expansão entre dezenas de generais da época. Eu, particularmente, escolhi o pai de Sun Quan, Sun Jian, que será sucedido por Sun Ce, seu primogênito, o qual dará lugar a Sun Quan após uma morte prematura na história chinesa real.
A depender do general escolhido, você enfrentará seus carrascos históricos, partindo do mesmo ponto em que ele iniciou sua jornada fora da ficção. Portanto, além de entretenimento de ótima qualidade, Total War lhe oferece uma verdadeira aula de história chinesa e desperta no jogador curiosidade para ler sobre os feitos reais dos personagens.
Mecânica
Total War segue o sistema de turnos, incluindo o clássico limite de movimento dos seus generais (você só pode andar determinada distância a cada turno). E na sua respectiva vez de jogar, ainda é possível fazer construções e acordos comerciais, arranjar casamentos entre príncipes e generais, eleger funções na sua corte, além de, claro, poder expandir seus domínios através da conquista ou anexação.
Mas o grande diferencial aqui está nas batalhas. Elas não se dão em turnos: a partir do momento em que você ingressa em uma batalha, o movimento é livre e é possível deslocar suas tropas como bem quiser, ordenando para atacar ou recuar, assim como faz o inimigo. Portanto, o jogo é dinâmico onde mais precisa ser.
Após a batalha, você ainda pode escolher entre integrar, libertar ou executar generais inimigos caso vença (e eles poderão fazer o mesmo caso perca). Todavia, alguns generais não lhe permitirão integrá-los pela fidelidade ao antigo chefe. Além disso, você poderá capturar tropas, pilhar para adquirir suprimentos e até ocupar as cidades conquistadas.
Além de tudo, Total War: Three Kingdoms possui um sistema complexo de contentamento dos personagens. Determinados generais e membros da corte podem se sentir mais ou menos satisfeitos e pedir algumas coisas em prol de mais satisfação, como a inclusão em uma função maior na corte. Você pode até deixá-los mais satisfeitos presenteando-os com algum objeto. Cuidado… uma satisfação baixa pode resultar na deserção do personagem, que oferecerá seus serviços a outro general.
O mesmo se aplica para suas cidades: elas possuem um nível de satisfação popular que vai de -100 a 100, sendo o número maior correspondente a uma maior satisfação do público. Caso o valor chegue a -100, uma rebelião eclodirá e o jogador correrá o risco de perder aquela região se seu exército não for vencedor no conflito.
Outra surpresa positiva do jogo é o esquema de decisões. De tempos em tempos, uma tela com uma situação específica aparecerá no início do turno e você, como líder da facção, deverá tomar uma decisão e arcar com as consequências da mesma. Essas escolhas podem gerar desde uma melhora no relacionamento de membros da sua corte até a morte de algum personagem. Mas alguma ou outra escolha pode ser barrada de acordo com as características pessoais do general.
E por falar no quesito relacionamento, vale lembrar que seus generais e todos da sua corte poderão gostar ou não uns dos outros e trabalharão melhor se colocados junto a pessoas com os quais têm mais afinidade.
O objetivo principal do jogo é tornar-se imperador, e para isso você vai precisar passar por várias etapas de poder, construindo pouco a pouco seu nome. A partir do nível marquês, já é possível ter vassalos.
Confira o trailer da expansão Fates Divided:
Fates Divided apresenta melhorias significativas para diversas mecânicas do jogo, uma nova facção e novas unidades, além de novos estilos de jogo para as facções já existentes.
Você pode adquirir jogo e expansão através da Steam.
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