Crítica: She-Hulk 1ª Temporada diverte e traz uma autoconsciência sobre seu próprio universo

A primeira produção de comédia da Marvel divide opiniões, mas mostra que o mundo do MCU pode sim ser divertido.

She-Hulk, a nova série da Marvel, chegou para dividir opiniões e trazer uma comédia diferente para o MCU. Com muitos convidados especiais e personagens antigos e novos, a nova Hulk da Marvel esmagou expectativas e entregou uma comédia com o o caos que o mundo dos vingadores se tornou.

O planeta terra do MCU já passou por poucas e boas, já teve sua ascensão de heróis, já passou por um momento mais sombrio após o estalo do Thanos e agora em She-Hulk parece viver uma fase mais caótica com asgardianos, pessoas com superpoderes e muitos querendo ser heróis.

She-Hulk e Hulk praticando Yoga
Hulk é um personagem importante para o desenvolvimento da She-Hulk, mesmo quando não está presente

A série começa com Jennifer Walters (Tatiana Maslany) sofrendo um acidente junto ao seu primo Bruce Banner, o nosso famoso Hulk, (Mark Ruffalo) e adquirindo seus poderes após entrar em contato com sangue radioativo. Passamos então o primeiro episódio vendo Jen lidar com suas novas habilidades enquanto a série também estabelece suas diferenças do Hulk já conhecido.

Apesar desse primeiro episódio ser uma produção comum da Marvel, sendo focada em cenas de ação e mitologia do universo, no entanto, os episódios seguintes começam a se distanciar disso e trazer um outro tom para o seriado. Após o primeiro episódio, a personagem She-Hulk se torna oficialmente o rosto de uma divisão jurídica de casos de pessoas com superpoderes, e aí que tudo realmente começa.

She-Hulk – A advogada dos coadjuvantes dos filmes

A cada episódio temos casos diferentes, com convidados especiais que realmente divertem e apresentam um pouco mais da loucura que o mundo do MCU se tornou. A série também aproveita para mostrar como é ser um super-herói publicamente e as consequências disso.

O elenco de convidados é enorme e cheio de personagens interessantes. Dos mais famosos temos o retorno de Tim Roth como Abominável, Jameela Jamil como a vilã influencer Titania, Charlie Cox retornando como Demolidor, Benedict Wong como Wong e diversos outros atores com personagens superpoderosos bizarros.

She-Hulk em julgamento com Amelia
Cada caso jurídico é mais interessante que o último, graças as infinitas bizarrices que ocorrem

Todos agregam muito a construir a visão de como está o planeta terra do MCU além de serem a cômicos em seus episódios. Um dos meus episódios favoritos envolve a relação de Wong com a personagem Madisynn (Patty Guggenheim) que traz um outro lado do personagem conhecido e situações extremamente absurdas “Wongeeeeers”

O elenco de advogados também é ótimo. Nikki (Ginger Gonzaga) e Pug (Josh Segarra) tem uma química excelente e trazem momentos cômicos para a produção. Amelia (Renee Elise Goldberry) não teve tanto tempo para se destacar, mas sua personagem em pouco tempo mostra ser alguém interessante e que esperamos ver mais.

Tatiana está ótima como She-Hulk, mas o roteiro não oferece oportunidades suficientes para ela ser mais engraçada. O único episódio em que a personagem é o foco mais divertido acaba sendo no primeiro, já que em contraste com o Hulk que é mais sério, ela acaba parecendo leve e descontraída. A personagem tem alguns momentos ali e aqui e ela é carismática o suficiente para gostarmos, mas os convidados conseguem roubar bastante a cena devido as situações absurdas.

Jennifer Vs She-Hulk

A primeira temporada tem como foco a busca de Jennifer para se aceitar como She-Hulk, nesse ponto a série traz seus momentos mais sérios e debates sociais sem ter medo do que quer dizer, mas também em transformar a série em um conjunto de lições morais.  

Mesmo sendo uma Hulk, a produção não abandona questões reais que mulheres enfrentam no seu dia a dia e em suas carreiras. Esse tema é abordado ao longo da temporada de uma forma muito bem construída e mostrando os abusos e problemas que enfrentam. Por ser uma figura pública e ainda parte do mundo dos heróis, She-Hulk não perde tempo em prever prováveis comentários tóxicos que a personagem vai receber e alfineta os “fãs” que costumam espalhar mais mensagens de ódio.

Jennifer Walters com olhos verdes virando she-hulk
Tatiana Maslany como Jennifer Walters

Esses problemas são diretamente conectados com a jornada de Jen e as dificuldades que ela encontra para aceitar o seu lado Hulk, criando dilemas interessantes sobre aceitação e autovalorização. A conclusão da jornada de Jennifer termina de modo bem satisfatório, trazendo uma autorreflexão até para as próprias produções da Marvel, em um episódio bem ousado comparado com o que o MCU fez até agora.

Tentando esmagar a quarta parede

Claramente a escolha com She-Hulk foi ser uma produção mais autoconsciente sobre os absurdos do mundo de heróis enquanto trata de questões sociais importantes. Também trazem na produção a quebra da quarta parede com a intenção de ajudar nessa autocrítica, tendo Jen soltando alguns comentários sobre os acontecimentos. A ideia apesar de boa, é muito mal utilizada sendo apenas algo interessante nos dois últimos episódios, já que ao longo da série os comentários são pouco engraçados e não agregam.

She-Hulk dando um soco em Titania
Apesar de alguns efeitos serem apenas ok, o foco de She-Hulk é se entreter com as histórias

Como mencionado, a produção não teme em criticar também seus fãs mais tóxicos e cutucar suas próprias produções passadas, mostrando que os produtos do MCU são feitas para se divertir sem pirar demais, mas que podem e possuem espaço sim parar melhorar no quesito de inovação.

O último episódio foi o ápice da série tanto na ousadia quanto em sua autocrítica,  é realmente um dos mais interessantes que o MCU já fez, mas que com certeza não vai agradar todos. Sendo quase como um Deadpool higienizado, já que não temos sangue e palavrões, She-Hulk mostra que a Marvel pode ser criativa e que para ser ousado não precisa cair em algo mais sombrio ou mais violento.

Como com qualquer série de comédia, esse humor consciente de She-Hulk não vai agradar a todos, isso está claro pelos grandes debates gerados na internet. Mesmo assim, a série não deixa de trazer algo leve e novo para um mundo de heróis que estava bem batido e cansado tanto em suas piadas quanto nos problemas de grandes vilões.

Conclusão

She-Hulk é uma produção única no meio de tantos projetos similares na Marvel. A produção traz uma personagem gostável, mas que as vezes acaba sendo ofuscada pelos diversos convidados hilários e situações caóticas que se encontra. A série é divertida e vale a pena assistir, tanto pelo entretenimento quanto também pela sua inovação nas produções da Marvel. O seriado mostra quanto o MCU está consciente sobre seus problemas, seus fãs e o que internet quer tanto ver em suas produções.

 Resta esperar que essa série traga uma perspectiva nova para futuras produções e que tenhamos mais temporadas para ver o que mais podem fazer.

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Pedro Agnelo Camargo Goes
Pedro Agnelo Camargo Goes

Estudante de semiótica, apaixonado por séries, filmes e games e tudo que envolve cultura. Sempre aberto pra filosofar sobre aleatoriedades do dia a dia

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