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Crítica | Roller Drama e a confusão de querer fazer tudo ao mesmo tempo
“Roller Drama” apresenta como pano de fundo um mundo distópico-místico, numa narrativa referente a sitcoms enquanto você trabalha como mentora de um time de Roller Derby (sim, é isso mesmo).
O jogo está disponível no PC (Steam), Switch, Android e iOS.
“Roller Drama” é uma visual novel mesclada à estratégia, desenvolvida pela Open Lab Games e lançada em 26 de janeiro de 2023. Controlamos a personagem Joan em sua jornada de guiar um grupo de 5 garotas em direção ao sucesso no esporte “Roller Derby”.
Enquanto há uma preocupação em organização estratégica da equipe, os dramas pessoais e os sentimentos de cada uma das garotas devem ser considerados para o bem do rendimento e entrosamento do time.
O jogo divide-se em dois estilos diferentes de gameplay que, ainda assim, continuam dialogando com o gênero de estratégia.
Primeiramente, temos o prédio que serve de moradia para a equipe. Neste, temos uma visão geral de todos os cômodos e podemos gerenciar as ações de Joan no seu papel de técnica do time. A gameplay relaciona-se bastante com outros jogos de estratégia como “Fallout Shelter”, por exemplo.
Essa parte da gameplay é destinada ao diálogo entre as personagens e resolução das problemáticas cotidianas.
A outra parte é usada para o jogo de Roller Derby em si. Aqui (em um design em 3D, diga-se de passagem) controlamos a equipe em tempo real, todas ao mesmo tempo numa partida frenética que exige um raciocínio rápido, bastante iniciativa e bom entendimento de todas as habilidades e status de cada elemento do time.
A porção narrativa, o humor das jogadoras influencia diretamente a partida, tal qual o modo que você (como treinadora) lidará com a vitória e a derrota.
O ponto forte de “Roller Drama” é sua premissa. É intrigante o modo como é retratado o gerenciamento de equipe, já que, diferentemente de outros jogos (como FIFA) que também possuem destaque nesse quesito, aqui o foco na saúde mental e na preparação psicológica por meio das conversas é maior, abordando um dos fatores primordiais em qualquer competição.
Assuntos como: laços amorosos, sexualidade, luto, ansiedade, aceitação, passado; são enfatizados na história porque, de fato, o entendimento dessas questões determinam o quão grande será o sucesso da equipe, além de ressaltar a importância de um coach empático mas que cobra num nível saudável.
O que falta na trama é achar um foco narrativo. Há coisas místicas envolvidas nos acontecimentos da casa (com intuito de parecer algo macabro), um mundo distópico bem sutil (querendo criticar a opressão do nosso mundo atual), uma tentativa de construir situações cômicas e intenções de mostrar acontecimentos emocionantes. São muitos conceitos a serem desenvolvidos.
De todos esses conceitos, o de fazer um estilo de sitcom — com situações engraçadas, imprevisíveis e carregadas de críticas — é o mais otimista entre eles.
Algumas piadas funcionam bem, as personagens são todas muito interessantes e apresentam personalidades fortes e distintas, despertam vontade de ver como será o desenrolar de suas relações e das possíveis críticas socais importantíssimas para o mundo do esporte.
Seria cativante, se não fosse a gameplay de Roller Derby…
Antes de partir para esse quesito, um adendo deve ser feito. A tradução e as legendas PT-BR não auxiliam em nada. Traduções confusas e frases sem sentido (parecem que foram tiradas de contexto) tomam conta dos diálogos e dos tutoriais. Uma coisa que atrapalha bastante a narrativa e a própria gameplay, que já é complexa naturalmente.
Ela não é orgânica, é truncada e estranha de um jeito desagradável. Controlar o ataque e a defesa ao mesmo tempo é confuso, considerando que os comandos, os objetivos e as habilidades são diferentes. Além disso, por ser em tempo real (ou seja, não há jogadas em turnos), é tão frenético que chega a ser confuso e não desafia o jogador a tentar melhorar, pelo contrário, afasta de continuar uma narrativa que tem potencial.
No geral, conceitualmente, “Roller Drama” apresenta assuntos importantes a serem tratados, uma ideia bonita sobre o conceito de um líder ponderado entre exigir e entender, personagens intrigantes e uma potencial crítica a um mundo que faz de tudo para te deixar no seu pior estado.
Contudo, é um jogo afundado pela qualidade técnica prejudicada, uma gameplay confusa e mal elaborada junto a uma indecisão do que é mais relevante no desenrolar de seu desenvolvimento.
Trailer oficial do jogo:
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