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Crítica | Paradise City – Não existe Paraíso ou Diversão Aqui
Paradise City é uma série derivada do filme de terror American Satan (2017) e estreou no Prime Video no final de março. O filme narra a história da banda The Relentless, que faz um acordo com o diabo para conseguir dinheiro e fama. É claro… dá tudo errado.
American Satan é estrelada por Andy Biersack (vocalista da banda Black Veil Brides) como Johnny Faust, Olivia Culpo como Gretchen, Booboo Stewart como Vic Lakota, Mark Boone Junior como o empresário Elias e Ben Bruce (guitarrista da banda Asking Alexandria) como Leo Donovan.
Boa parte do elenco também está na série, com a adição da atriz Bella Thorne, Ryan Hurst, Drea De Matteo e Cameron Boyce como Simon, um adolescente sonhador e aspirante a metaleiro. Tanto Paradise City como American Satan foram criados por Ash Avildsen, da banda Asking Alexandria.
Antes de mais nada, é preciso lembrar que este artigo pode conter spoilers de Paradise City. Então, caso não tenha assistido à série, siga por sua conta e risco.
Mas afinal, por que é tão ruim?
A premissa da série parece muito interessante, os tópicos heavy metal, ocultismo, o lado obscuro de Hollywood e histórias de bastidores de uma banda famosa chamam atenção e atraem os curiosos, mas Paradise City peca na execução.
A série é um spin-off de American Satan, porém, apesar de fazer algumas referências aos acontecimentos do filme, os eventos são porcamente explicados.
Podemos citar como exemplo a morte do agente da banda à qual a série faz menção, pois ela não explica o ocorrido de forma detalhada. Pelo contexto, apenas podemos entender que está relacionada com o ocultismo. Inclusive, esse assunto, apesar de fazer parte da proposta da série, é explorado pouquíssimas vezes.
Outro problema é a falta de contextualização. A série não explica como a banda atingiu o estrelato, por exemplo. No início de Paradise City, a única informação que recebemos sobre a banda é que os Relentless estão em hiato, e aos poucos descobrimos o motivo.
Mesmo que saibamos um pouco da história pelo filme, é importante contextualizar o público, porque algumas pessoas podem não ter assistido American Satan ou sequer possuem conhecimento sobre a origem da série.
Além disso, o desempenho da maioria dos atores é lamentável e até mesmo atores conhecidos não estão em seus melhores momentos, como Fairuza Balk, do clássico teen The Craft, que tem uma participação sofrível.
As cenas de dublagem, por sua vez, são outro revés: mal executadas e sem timing algum. O protagonista e vocalista dos The Relentless, Johnny Faust, é interpretado por Andy Biersack, vocalista da banda Black Veil Brides, e por algum motivo a produção optou por não utilizar os vocais reais de Biersack, ou seja, deixou tudo mais inverossímil ainda. Além disso, os personagens não têm carisma, não gerando comoção nem identificação com o público.
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Mais um dos muitos problemas é a falta de conflitos. Por exemplo, o protagonista Johnny, após um breve envolvimento com uma groupie, descobre que a moça engravidou e que tem uma filha. A garota simplesmente aparece, entrega a criança para ele sem dizer nada e volta para o estado onde mora. Assim, a criança acaba ficando com o empresário da banda e tudo fica por isso mesmo. Essa situação não produz conteúdo suficiente para movimentar a trama.
Outro exemplo disso é o caso entre o vocalista e a baixista da banda, Lily Mayflower, personagem de Bella Thorne. Ele é um dos motivos pelos quais o relacionamento do personagem com sua noiva Gretchen (Olívia Culpo) está em frangalhos.
Em algum momento da série, os dois se beijam e as fotos são publicadas em tabloides. Porém, após esse acontecimento, não existe nenhum tipo de embate entre Johnny e Gretchen e nem de Lily com sua namorada. Ou seja, a série até tenta criar situações para deixar as coisas mais dinâmicas, mas não consegue sustentar ou desenrolar as narrativas. Todas as possíveis problemáticas expostas em Paradise City ou não são desenvolvidas ou são resolvidas facilmente com dinheiro.
Também podemos abordar a questão de que alguns personagens aparecem em várias cenas e aparentam ser onipresentes, mas Paradise City não apresenta quem (ou o que) seriam essas pessoas. A sensação que temos é de que a presença desses personagens não tem um propósito aparente, portanto, não agrega em nada no enredo justamente pela falta de uma explicação.
Podemos adicionar à lista de embaraços, ainda, a falta de linearidade e a passagem do tempo na série. Em um episódio estamos acompanhando uma determinada trama e no outro já estamos acompanhando o festival de música. Não existe uma passagem de tempo concreta, as coisas simplesmente acontecem. A impressão que fica é que os criadores colocaram tudo em um liquidificador e este foi o resultado.
Além de todos os problemas relatados, Paradise City propaga estereótipos bifóbicos. Na série, a bissexualidade é mostrada sob a ótica fetichista, de forma promíscua, reforçando o preconceito existente de que bissexuais são indecisos e/ou possuem inúmeros parceiros sexuais. Nesse contexto, a bissexualidade de Lily Mayflower é usada como manobra para seduzir Johnny Faust.
Como deu para perceber, a narrativa gira quase que exclusivamente ao redor do vocalista e seus dramas. Parece que os outros personagens estão na série apenas para fazer todas as vontades e entregar o enredo de bandeja para Johnny Faust. Recebemos pouquíssimas informações sobre os outros membros da banda, com exceção de Lily Mayflower.
Um outro olhar: pontos positivos
Mas para não terminar o artigo nesta atmosfera negativa, posso citar dois pontos positivos da série.
O primeiro é a trilha sonora: as músicas do The Relentless são bastante agradáveis e viciantes. Não é difícil se pegar cantando “Rookie” por aí.
O segundo ponto é a participação do ator Cameron Boyce, que faleceu precocemente em 2019, sendo Paradise City seu último trabalho. Simon, personagem de Cameron, é super carismático, querido e de fácil identificação.
O espectador se sente contagiado pelo sorriso de Boyce. Ao assistir suas cenas, somos transportados para um ambiente mais leve. Quem nunca sonhou em fazer parte de uma banda e ter suas canções reconhecidas mundo a fora? Esse é o plot principal do personagem. Além disso, o ator é um dos poucos cuja atuação não é um desastre.
Paradise City tinha tudo para fazer sucesso e conquistar o público com sua premissa, mas virou mais um exemplo de que as coisas podem funcionar muito bem na teoria, mas na prática é outra história. Se você leu tudo isso e ficou curioso para saber se a série é realmente ruim, clique AQUI para descobrir!
Texto escrito por Sabrina Ventresqui
Realmente algumas atuações deixaram a desejar, principalmente de cantores que tiveram que atuar. O motivo pelo qual não utilizaram a voz real do Andy, foi por um restrição problema com a gravadora dele, segundo minhas pesquisas. Mas me deu muuuuuuita agonia saber que ele estava dublando, sendo que na minha opinião a voz dele é maravilhosa
Achei essa serie muito boa, principalmente por causa do Cameron, mas como eu sempre falo gosto é com pescoço cada um tem o seu.