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Crítica| O Legado de Júpiter promete, mas decepciona
A nova produção da Netflix, O Legado de Júpiter, é mais uma série para o time de super-heróis. E apesar de tentar se equilibrar em algo entre The Boys e os clássicos de Marvel e DC, acaba tropeçando e caindo no caminho. Assim, ela não cria uma identidade própria e decepciona.
E fica avisado aqui que será levado em conta apenas o que é apresentado na série, sem considerar informações das HQs, pois será avaliado o que a produção entrega por si, já que em teoria, ela deveria se bastar.
Sinopse de O Legado de Júpiter
Adaptada das HQs de mesmo nome, escritas por Mark Millar (que já trabalhou para Marvel e DC), O Legado de Júpiter conta a história de um grupo de super-heróis e seus filhos, que juntos são a União da Justiça.
A série se divide em duas épocas: 1929, contando a aventura que levou os 6 heróis originais a conseguirem seus poderes, e os dias presentes, mostrando como esses heróis e seus filhos estão levando suas vidas.
O arco de 1929 é muito interessante e consegue nos deixar realmente curiosos para ver como ele irá se encerrar. Ele apresenta os personagens que já conhecemos no presente mais jovens e ainda imaturos. Já o enredo no presente gira em torno de uma lista de regras que a União da Justiça deve seguir, o Código, e o grande dilema: se ele ainda é válido para o contexto dessa época.
O Tempo Perdido
Apesar de intercalar bem as duas épocas, a série se perde no tempo dedicado a cada uma. Isso acaba fazendo com que, ao final da temporada, um arco se feche e o outro fique largado no meio.
O tempo de narração não é dividido de forma coerente, o que torna algumas coisas explicadas demais, enquanto outras, de fato interessantes, são apressadas. A exemplo disso temos o conceito “os tempos mudaram e o mundo não é mais o mesmo”, que é repetido várias vezes. Esse tempo poderia ter sido dedicado ao relacionamento amoroso da personagem Chloe Sampson, por exemplo, que acrescentaria muito ao enredo.
Além de se demorarem em coisas desnecessárias, há muitas cenas e acontecimentos que estão ali só por estarem e nada acrescentam à trama. Por exemplo, há momentos em que a série perde tempo nos mostrando parte do dia dos personagens sem que esses acontecimentos sejam pertinentes para a continuidade da trama. Ou mesmo qualquer das cenas de sexo, que são extremamente gratuitas e nada relevantes para a história ou construção dos personagens.
Assim, perdendo tempo com cenas jogadas, a série perde a oportunidade de amarrar as pontas soltas que vai criando no decorrer dos episódios, deixando muitas coisas sem resposta ou até mesmo esquecidas ao fim.
Personagens Desperdiçados
Os personagens apresentados possuem grande potencial e parecem ser indivíduos complexos, entretanto, com exceção apenas do protagonista, Sheldon, nenhum deles é realmente desenvolvido.
E destaque aqui para a personagem Jacinda dos Santos, que ao soltar algumas frases em português, mistura o sotaque brasileiro com o de Portugal. Ao misturar as culturas e não deixar claro a descendência da personagem, pode-se entender um descaso da produção com as culturas envolvidas.
A série é visualmente muito bonita e tem algumas cenas muito bem elaboradas, apesar dos efeitos visuais dividirem opiniões. Também conta com atores e personagens diversificados. Mas com a maioria não tendo espaço para se desenvolver, os dois atores que mais se destacam são Matt Lanter (George) e Ben Daniels (Walt). Portanto, apesar de interpretarem papéis secundários, conquistam mais que os protagonistas.
O que Diferencia O Legado de Júpiter
O ponto que mais diferencia O Legado de Júpiter de outras produções de super-heróis é a gama variada de poderes que ela apresenta, permitindo que o telespectador sempre se surpreenda ao descobrir um novo poder.
E, ao ser inevitável comparar a produção da Netflix com outras que já conhecemos do mesmo tema, a série parece tentar reconhecer esse fato. Porém, acaba apenas jogando aleatoriamente referências dos clássicos, como o uniforme por baixo da roupa, até citando a icônica frase “com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades”.
O Legado de Júpiter tenta ser algo mais realista, mas não chega ao extremo como em The Boys. Além disso, ameaçam exibir violência, como as mutilações e sangue, mas sempre acabam censurando de alguma forma, mostrando muito rápido ou desfocando a imagem, apesar de uma classificação +16 (o mesmo acontece durante as cenas de sexo gratuitas mencionadas anteriormente).
Assim, O Legado de Júpiter não é horrível, até acerta em alguns pontos e entretém aquele que assiste. Entretanto, carrega muitos erros que podem sim incomodar de tempos em tempos durante os episódios. Por fim, não é uma adição espetacular ao mundo televisivo dos super-heróis.
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