Crítica | Melissa Barrera se consagra no terror com O Nascimento do Mal

Se você achava que era somente Pânico, se prepare para ver o nascimento de uma Scream Queen (mas sem gritos) em O Nascimento do Mal.

Estreou dia 4 de maio “O Nascimento do Mal”, longa estrelado por Melissa Barrera (a Sam Carpenter de Pânico) cujo título de terror genérico de locadora certamente atraiu menos gente ao cinema do que ele merece. Então aqui está a defesa de um filme que me surpreendeu mais do que eu dava crédito.

O Nascimento do Mal (no original Bed Rest) conta a história do casal Julie (Barrera) e Daniel Rivers (Guy Burnet) durante as últimas semanas de gravidez de sua filha, quando Julie é aconselhada a ficar de repouso total pelo seu médico após sofrer um acidente. A situação então se emaranha com o novo emprego de Daniel, que o mantém longe da casa para a qual haviam acabado de se mudar e as obras que Julie estava responsável por supervisionar, agora pausadas por sua condição. Seu estado de apuro a deixa sem ter o que fazer além do que qualquer um em sua situação faria: investigar a misteriosa presença sobrenatural na casa que, é claro, tem um passado sombrio que Daniel escondeu da esposa.

Burnet e Barrera entregam uma química que margina o teatral e dá uma cor diferente a um enredo mais batido que milkshake. O filme me ganhou com jumpscares realmente imprevisíveis, uma estética fugindo do fantasmagórico e o fato de guardar o melhor para o final: o terror engata mesmo quando estamos prestes a conhecer visualmente uma vilã da qual só ouvimos falar durante o filme todo. Na verdade, nem sabíamos que era a vilã para começo de conversa. A eletricidade das cenas finais se mescla com uma originalidade que destacou o filme para mim num ranking do gênero. Confesso que eu esperava um final ruim, e ele até ameaça entregar esse final ruim. Me decepcionou com um final bom (e até emocionante).

Mas é Melissa Barrera quem merece todo o crédito de carregar o filme por todo o tempo em que ele se mostrava monótono. Contaminada pela doença da era dos streamings, fiquei nervosa com a incapacidade de pular algumas cenas por puro tédio. Se o tivesse feito, contudo, perderia o nascimento de um gênio do terror. Me acostumei com Sam Carpenter, a protagonista morna de Pânico (2020) que só foi ganhar espaço para se mostrar interessante em Pânico VI (2023, altamente recomendado por esta que vos fala), quando a atriz se sentiu mais confortável de ditar as ações da personagem. Podemos quase enxergar esse processo cuidadoso por detrás dos olhos de uma mãe que, numa casa repleta de fantasmas, se apega à possibilidade de estar junto de um filho que ela nunca pôde conhecer. Ela tem força na sensibilidade e fragilidade das dores ordenhadas num roteiro que, ouso dizer, seria facilmente estragado com qualquer outra no lugar. De longe, se destaca em um elenco tíbio. Entregá-la à Barrera foi um acerto pontual, assim como foi confiar todo o desenvolvimento emocional de Julie, uma protagonista incomum de um filme de certa forma genérico, a alguém que se preocupa tão fielmente à originalidade e humanidade de seus personagens.

Teremos sorte se nos presentearem com mais um pouco de Melissa Barrera no gênero.

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Clara Lima
Clara Lima
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