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Crítica | Love 101 (Ask 101) – A nova série turca da Netflix
Love 101 é a mais nova série turca da Netflix, que chegou para nós podermos respirar novos ares que não sejam estadunidenses. A série conta com apenas 8 episódios com uma duração média de 40 minutos cada.
Ambientada no final dos anos 90, a trama traça um paralelo contando a história de um grupo de amigos quando eram adolescentes e o que teria acontecido com cada um deles 20 anos depois.
Um Pouco Sobre a Série
Tudo começa quando quatro jovens extremamente problemáticos – Kerem (Kubilay Aka), Sinan ( Mert Yazicioğlu), Osman (Selahattin Paşali) e Eda (Kubilay Aka) – estão a ponto de serem expulsos após criarem o caos e quase colocarem fogo (literalmente) na escola.
Em uma votação do corpo docente é decidido o futuro dos quatro adolescentes: o resultado é 11×1, sendo a professora Burcu (Pinar Deniz) a única contra a expulsão.
Apesar desses quatro jovens não serem amigos e frequentarem círculos sociais diferentes, essa quase expulsão acaba por uni-los. Isso ocorre após descobrirem que a professora Burcu, única pessoa do corpo docente que gosta deles, está prestes a ser transferida para outra escola.
É então que entra em ação o plano de fazer a professora se apaixonar por alguém para que ela continue mantendo a função de impedir a expulsão. Porém, nenhum dos quatro faz a linha romântica, e por isso não entendem muito de assuntos do coração. É neste momento que entra a personagem Isik (İpek Filiz Yazıcı).
Isik é uma personagem extremamente fofa e diferente deles, uma aluna exemplar que ama filmes e livros de romance. Ela entra no grupo com o intuito de fazer a professora Burcu se apaixonar por alguém, que no caso é o professor de basquete, Kemal (Kaan Urgancioglu).
A amizade dos cinco se encaixa de uma forma pela qual é criado um vínculo extremamente forte, além de uma lealdade que chama a atenção, já que eles se propõem a ir até o fim para protegerem uns aos outros.
Assuntos Abordados
A série retrata diversos assuntos interessantes e aborda tudo de forma leve, como, por exemplo, depressão, machismo e a relação abusiva que parte muitas vezes dos familiares.
O que eu achei mais interessante no enredo, além dos personagens e a forma como a cada episódio vamos descobrindo mais sobre eles, é o fato dele criticar a forma como o sistema escolar trata os seus alunos problemáticos.
A escola muitas vezes não quer lidar com aqueles alunos que bagunçam muito ou tiram notas baixas, apenas quer encontrar caminhos fáceis como a expulsão e o punitivismo. A única pessoa que se propõe a entender e ajudar os alunos de alguma forma é a professora Burcu, a qual enxerga que a forma como eles lidam com a vida e a escola é apenas um reflexo de conflitos internos e desentendimentos, os quais acontecem frequentemente dentro das relações familiares.
Os alunos não se encaixam e são desajustados,e ao invés da escola procurar um caminho de acolhimento e auxílio, ela apenas empurra mais para baixo a situação emocional e psicológica dos mesmos.
Ninguém se pergunta sobre o porquê do comportamento depressivo e desleixado do Sinan, violento do Kerem, da busca incessante pelo dinheiro do Osman, ou da busca por atenção e os problemas alimentares da Eda. Tudo o que a escola quer é se livrar do problema que os quatro simbolizam.
A professora Burcu também foi uma das personagens mais fortes e que mais me cativaram ao longo da série. Ela é extremamente determinada, e a forma como ela lida com os alunos nos faz desejar ter tido uma professora como ela durante o ensino médio.
Além de receber um enorme destaque enquanto professora, foi lindo vê-la, enquanto mulher,tendo que lidar com falas e comportamentos machistas e se posicionando a respeito. Vê-la sofrendo as consequências por ser uma pessoa decidida a trilhar o próprio caminho foi de partir o coração. Isso só mostra como as mulheres são muitas vezes culpabilizadas simplesmente por se posicionarem e fazerem da vida o que bem entendem.
Love 101 (ou Ask 101) é uma série que vale muito a pena acompanhar, e eu espero que vocês gostem tanto quanto eu gostei. Que venha uma segunda temporada para nós conhecermos mais sobre esses personagens e entendermos o que aconteceu com eles, afinal de contas, 20 anos depois.
Texto de junho de 2020, por Beatriz Cintra.
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