Crítica | Intervalo - My French Film Festival

Intervalo é um curta-metragem que faz parte do 11º My French Film Festival, disponível na plataforma de streaming Supo Mungam Plus. Dirigido por Anthony Lemaitre, o curta mostra um jovem estudante que quer assistir Velozes e Furiosos 8 com seus dois amigos, mas algo inesperado o surpreende.

Pôster de Entracte/Intervalo, de Anthony Lemaitre, 2019

Atenção: pode conter spoilers

Em 16 minutos, Lemaitre mostra o que muitos jovens pelo mundo afora poderiam se identificar facilmente: a relação conturbada com o pai, que deseja que o filho arrume um emprego e tome um rumo na vida. O jovem que não sabe o que decidir, além de temer o que seu pai pode fazer. A falta de dinheiro para ir ver um filme. Quem nunca, não é?

Yancine e seus amigos tentando entrar no cinema pela saída de emergência.

Yancine é um protagonista que não toma forma ou te faz criar empatia até tramar o plano para poder finalmente assistir a Velozes e Furiosos 8. A ideia era, basicamente, comprar um bilhete para um filme antigo de uma sessão especial do cinema e depois ir para a sessão desejada. A atuação começa a brilhar a partir daqui, quando entra em cena a atendente do cinema, que mais tarde nos encontrará novamente.

Ladrões de Bicicleta é o filme que está em sessão e é o escolhido por Yancine para que os amigos pudessem entrar e finalmente ver o filme de Vin Diesel. Era necessário esperar 5 minutos em uma sessão vazia para poderem ir a outra sala, mas Yancine se deixa levar pelo filme.

A relação entre pai e filho tão bem ilustrada no longa, que nos bons e melhores momentos estão juntos, é para o jovem aquilo que o faz gostar de um filme preto e branco de 1948. O tempo passa e o filme acaba. A sala se esvazia e Yancine permanece na sala, ponderando inerte.

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Yancine recebe uma ligação de seu pai, enquanto esperam a sessão começar.

Lembra da atendente da bilheteria? Ela retorna à cena, dessa vez como mediadora de um debate que aconteceria após a exibição do filme. A jovem cinéfila tem suas expectativas frustradas quando se dá com a sessão vazia, mas se surpreende com a presença de um jovem ainda ali.

Após falhas tentativas de estabelecer um debate, a jovem cinéfila, que se chama Tamara, começa a conversar com Yancine, ponderando se ele voltaria para a próxima sessão especial de filmes antigos. E é nessa conversa que o diretor Lemaitre cria um pequeno intervalo e Yancine encontra no inesperado uma breve pausa para ser feliz e se distrair da vida.

Yancine e Tamara comentando sobre o filme "Ladrões de Bicicleta" — Yancine e Tamara comentando sobre o filme “Ladrões de Bicicleta”

Intervalo é um curta-metragem, ou seja, são 16 minutos que poderiam dar muito bem uma história de 1 hora ou mais. Yancine nos cativa pela curiosidade de saber de onde vem e para onde vai, mesma coisa para a jovem cinéfila. São personagens que adoraria ver uma expansão.

O leve floreio da França suburbana e a relação pai/filho que o curta trás é bem interessante de se ver e pensar sobre. A fotografia, o roteiro e outros elementos são bem pensados e feitos de uma forma simples. E que fique claro que simples nunca é um defeito.

De um todo, é um curta que vale a pena assistir. É engraçado e comovente na medida certa e a forma como Lemaitre trabalha a inserção de outro filme dentro do seu para ampliar o enredo é bem interessante. Ainda mais pelo filme escolhido trazer o neo realismo italiano com Ladrões de Bicicleta.

No mais, é um daqueles filmes que o coração fica quentinho quando você termina de ver, pois valeu a pena o tempo gasto.