Crítica | Hora do Massacre: Cuidado com o que você desperta

Se você adora sangue e bom humor, ambos na medida certa e quer um filme crítico e despretensioso, Hora do Massacre é perfeito pra você. 

Filmes onde um grupo de jovens parvos vai pra um lugar inóspito e morrem um por um e sobra apenas um (ou talvez nenhum) pra contar a história jorram o tempo todo da jugular de Hollywood. Mas, quando o “bicho-papão” é um assassino humano, o terror é real! E quando o lugar não é inóspito mas até aconchegante, isso chega a ser irônico. É o caso de Hora do Massacre.

Um grupo de jovens ativistas da geração woke, pró-bichos e pró-natureza vai a uma grande loja de móveis e artigos domésticos promover um protesto, filmá-lo e viralizá-lo na internet – sem aparecer, claro. Mas nada como a geração straight edge, explodindo o lugar ou libertando animais, mas simplesmente bagunçando o coreto. O que eles não sabiam é que o bicho ia pegar – literalmente!

Os jovens ativistas usam máscaras (como é de praxe entre os norte-americanos) de animais e seu lema é algo como “Unleash the Beast!” (Liberte a Fera!). Mal sabem eles que a fera já está solta e quem está preso são eles.

O título original (Wake Up) tem aí um quádruplo sentido, tanto pela configuração dos jovens protagonistas (woke) quanto pela sua atitude em liberar a fera interior dentro de cada um deles, o sentido de libertação animal e da natureza e, é claro, o quadro psicótico do vilão.

O açougue está armado quando Kevin, o desequilibrado segurança da loja é designado para o turno noturno. Juro que não queria fazer esse trocadilho. Assim como Kevin jura que não queria fazer mal a ninguém. Ele e Jack, seu colega de turno que segura as pontas para que Kevin não perca o emprego, já que a linha ele perdeu há muito tempo.

Não faltam atuações boas, tensão e gore na medida certa. Sim, certa porque o sangue jorra, mas nada é explícito como em franquias como O Albergue (Hostel) ou Jogos Mortais (Saw). As situações onde se jura que a morte ou o vilipêndio vão acontecer podem ou não ocorrer. Acidentes acontecem de forma inusitada e nem sempre é o algoz ou a vítima quem vai desferir o golpe fatal – que pode não ser fatal.

Hora do Massacre é perfeito para quem gosta de filmes como O Homem nas Trevas (Don’t Breath) ou Frio nos Ossos (Little Bone Lodge), sendo que não há a possibilidade de se afeiçoar ao algoz como no primeiro nem é tão denso quanto o segundo e nem precisa ser (pois se aproxima mais do primeiro) e os protagonista vítimas ainda têm uma causa nobre. 

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Claudio Siqueira
Claudio Siqueira

Escritor, poeta, Bacharel em Jornalismo e habitante da Zona Quase-Sul. Escreve ao som de bits e póings, drinkando e smokando entre os parágrafos. Pesquisador de etimologia e religião comparada, se alfabetizou com HQs. Considera os personagens de quadrinhos, games e animações como os panteões atuais; ou ao menos, arquétipos repaginados.

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