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Crítica | Documentário Framing Britney Spears
Framing Britney Spears foi produzido pelo jornal norte-americano The New York Times, distribuído pelo streaming Hulu e está disponível no Brasil pelo Globoplay. O documentário é focado no movimento Free Britney (Libertem Britney), iniciado pelos fãs com o objetivo de acabar com a curatela em que a cantora vive desde 2008.
Antes de começarmos, para que tudo fique mais claro, preciso explicar o conceito de curatela e como isso impactou a vida de Britney Spears.
Afinal, o que é curatela?
Aqui no Brasil, a curatela é um encargo atribuído pela justiça para que uma pessoa cuide, administre e zele os bens materiais de maiores de idade que são considerados incapazes de cuidar do próprio patrimônio. Seja esse por qualquer motivo: dependência química, transtornos mentais, entre outras razões para que uma pessoa não consiga gerenciar sua vida civil.
Já nos Estados Unidos, onde Britney Spears vive, é basicamente a mesma coisa, mas a curatela é usada majoritariamente em casos de idosos incapazes, algo completamente fora da realidade da cantora, que tinha apenas 26 anos quando seu pai, James Spears, foi nomeado seu curador. Desde então, James administra a carreira, dinheiro e vida pessoal de Britney Spears.
E já que agora estamos familiarizados com o linguajar jurídico, vamos à crítica: Framing Britney Spears fala sobre a ascensão e “queda” da artista e explica o que, como e porque o patrimônio e a vida pessoal de Britney Spears estão sendo gerenciados por seu pai.
O documentário começa nos contextualizando sobre o início da carreira da cantora, mostrando sua infância, primeiras participações em programas e a grande estreia de Britney na televisão, quando foi escalada para fazer parte do elenco do programa Clube do Mickey Mouse, na Disney.
Framing Britney Spears também mostra o fenômeno que a cantora se tornou, passando por momentos-chave da vida de Britney, como o seu relacionamento e término com Justin Timberlake, gravidez, uso de drogas, relacionamento conturbado com Kevin Federline, disputa pela guarda dos filhos e, por último, mas não menos importante: o assédio que ela sofria dos paparazzi.
Quem não lembra da foto de Britney careca e agredindo um fotógrafo com um guarda-chuva? Essa imagem ilustrou capas de jornais e revistas pelo mundo inteiro.
O filme, que conta com a participação de amigos próximos de Britney, advogados e fãs, deixa bem claro que o machismo, misoginia da mídia e a superexposição da figura da cantora foram responsáveis por seu “surto” em 2007.
A mídia sempre foi sedenta por Britney Spears: quanto mais problemas a cantora arranjava, mais os tabloides se deliciavam com o escrutínio sofrido por ela. A imprensa ganhou muito dinheiro explorando o sofrimento da artista e não queria largar a galinha dos ovos de ouro. Nesta época, uma foto de Britney Spears chegou a custar um milhão de dólares. Não precisa ser fã para entender a situação e ter empatia pela cantora.
Framing Britney Spears parece ser um pedido de desculpas da imprensa… uma tentativa de ajudar a reparar os danos causados à artista durante todos esses anos, colaborando com a recuperação de sua autonomia.
O documentário é extremamente necessário. Não somente por trazer à superfície os absurdos referentes à curatela de Britney, mas por debater sobre o machismo existente na indústria e as consequências da exploração sofrida pelos artistas.
Neste filme, o jornalismo cumpre sua missão, trazendo outros ângulos e novas informações à narrativa criada por eles mesmos tantos anos atrás. Também mostra o quanto a nossa sociedade evoluiu, mesmo que não pareça muito, e nos deixa com a mensagem de esperança de que as próximas gerações não precisarão passar pelo que Britney Spears passou. #FreeBritney!
Framing Britney Spears: A Vida de Uma Estrela está disponível no streaming Globoplay.
Veja o Trailer
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Texto escrito por Sabrina Ventresqui