Crítica | Felicidade – My French Film Festival

Apesar de ser categorizado como comédia, a obra transita entre momentos calmos e extremamente tensos

O filme Felicidade faz parte do My French Film Festival, do serviço de streaming Supo Mungam Plus.

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Poster do filme Felicitá (Felicidade), com Tim, Chlóe e Tommy correndo abaixados, carregando suas bagagens
Filme fala sobre felicidade, amor e liberdade, questionando as consequências da última

Sinopse

Para Tim e Chloé, a felicidade está no dia a dia sem compromissos. Mas um dia o verão acaba. A filha deles, Tommy, entra no colégio e nesse ano ela promete não perder esse grande acontecimento. Isso foi antes que Chloé desaparecesse, que Tim roubasse um carro e que um cosmonauta aparecesse na história. (Fonte: Supo Mungam Plus)

Laços familiares são destaque em ‘Felicidade’

O filme é o terceiro longa-metragem do diretor francês Bruno Merle. A história gira em torno de uma família, mas principalmente de Tommy. Filha única do casal, vemos como ela se sente em relação à vida aventureira e não normativa que seus pais escolheram trilhar.

Veja o trailer abaixo.

Tommy é uma criança já à beira da adolescência e tudo o que ela mais quer é, se não ter uma vida considerada normal, ao menos experimentar um pouco de normalidade. Durante o filme a observamos fantasiar com o primeiro dia de aula e em ser aceita pelas colegas na escola.

Em vários momentos vemos a garota usando fones anti ruído, como que pare se isolar e negar a realidade em que está inserida. Seu pai, Tim, constantemente a repreende por isso.

Enquanto ela sonha com uma vida comum, Tim valoriza a quebra de padrões, se orgulhando e sentindo grande satisfação com o estilo de vida que levam e buscando constantemente reforçar esses valores para sua família.

A mãe, Chlóe, parece ser o equilíbrio entre os dois mundos. Ao mesmo tempo em que se entretem e se conforma com as aventuras, busca também prover o mínimo de estabilidade. Ela mantém um trabalho como faxineira e se preocupa em conseguir levar sua filha para escola na data correta.

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Apesar do filme ser categorizado como comédia, a obra transita entre momentos calmos e extremamente tensos. A narrativa constantemente brinca com o expectador ao confundir o que é real e o que é apenas fantasia de um dos personagens. E por mais que esse recurso seja utilizado várias vezes, as cenas são construídas de forma tão envolvente que acabamos caindo no mesmo truque toda vez.

Existe a sensação de que algo está sendo escondido de Tommy. Além disso, um astronauta (possivelmente a parte que causa mais estranhamento no filme) segue os personagens constantemente.

Mas também somos agraciados com momentos muito agradáveis e lúdicos. Vemos a família interagindo e brincando entre si, na estrada, conversando, vivendo juntos em sua dinâmica deliciosamente particular e ao mesmo tempo tão mundana.

Para diretor, obra é íntima e pessoal

Entrevista com o diretor do filme, Bruno Merle

Em entrevista ao MyFFF, o diretor da obra Bruno Merle menciona que em todos os seus trabalhos ele busca se distanciar de si e criar coisas totalmente externas à sua realidade. Porém, em Felicidade, pela primeira vez, Merle quis criar uma obra íntima e pessoal.

Tão pessoal que escolheu a própria filha, Rita Merle, para interpretar Tommy. E não poderia ser diferente, considerando que a história foi escrita, em partes, em homenagem à ela. Rita se sai muito bem em seu papel de estreia e consegue traduzir a intensidade, introspecção e maturidade que seu pai necessitava para a personagem.

Em determinado momento da entrevista, o diretor diz:

“Só porque estamos fazendo um filme sobre felicidade, amor e liberdade, não podemos deixar de olhar para as consequências de tal liberdade. Em algum ponto, você precisa perceber que a liberdade tem um custo, especialmente para uma criança de 12 anos”.

Apesar de ser um filme sobre liberdade e felicidade, fica a sensação de que Merle talvez tenha dado um peso muito grande para a questão das consequências. Contudo, isso não faz com que o filme fique menos interessante, mas com certeza menos leve do que ele pretendia que fosse.

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Luna | A Patroa da Redação
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