Crítica | Dancing with the Devil… the Art of Starting Over

Recomeço e reinvenção são as palavras que melhor descrevem o novo álbum de Demi Lovato, Dancing with the Devil … the Art of Starting Over. Mesmo com altos e baixos em sua trajetória, a cantora consegue renovar seu estilo musical e expandir sua versatilidade artística.

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Capa do álbum Dancing with the Devil... the Art of Starting Over de Demi Lovato.

4 anos após o seu último álbum, chamado Tell Me You Love Me, a cantora e compositora Demi Lovato lançou, no dia 2 de abril, o seu 7º álbum de estúdio: Dancing with the Devil… the Art of Starting Over.

Diferentemente de seus demais álbuns, esse tem uma pegada mais forte, mais polêmica e mais pessoal. No ano seguinte após o lançamento do álbum Tell Me You Love Me, a cantora enfrentou uma overdose, o que a submeteu a um episódio de quase-morte.

3 anos após o incidente, Demi Lovato então lança ao mercado o Dancing with the Devil… the Art of Starting Over, um álbum que conta sobre esse episódio infeliz e as sequelas por ele causadas, mas que também apresenta seu processo de reinvenção e a arte do recomeço.

Em um documentário separado por episódios, em seu canal oficial do YouTube, Demi relata que além da overdose, ela também sofreu abuso do traficante que lhe vendeu a droga. Ela descreve ainda vários outros fatos e suas consequências nessa obra, que você pode assistir aqui.

Capa do documentário da Demi Lovato do Youtube.

Sendo assim, esse álbum carrega um peso emocional muito grande e a faz percorrer caminhos artísticos diferentes dos já trilhados nos álbuns e projetos anteriores.

Além disso, esse é seu álbum mais bem avaliado pela crítica em sites como Metacritic, no qual a nota é de 75/100, com 8 críticas feitas, sendo 7 positivas e 1 mediana. O jornal The Telegraph (UK) ainda lhe deu nota máxima, apontando-o como “um prazer que afirma a vida de cima a baixo“.

Nos charts musicais, o álbum debutou direto no topo do iTunes mundial e alcançou o #1 no iTunes dos EUA e do Brasil. Já no Spotify, Demi conquistou seu melhor debut da carreira e o maior debut de álbum feminino do ano, com mais de 10 milhões de streams na plataforma em 24h de lançamento.

Por isso, Dancing with the Devil… the Art of Starting Over tende a ser, de fato, o álbum mais aclamado e bem-sucedido da carreira de Demi Lovato. Isso além de ser o mais pessoal, trazendo uma narrativa que ainda não havia sido abordada.

Faixas-destaque

Nesse álbum com músicas extraordinárias, algumas se destacam por suas mensagens instrumentais, vocais ou até históricas. Apresento-lhes as 9 faixas-destaque a seguir:

Faixa 1 | Anyone

Nota: 10

Como a faixa de abertura do álbum, Demi trouxe uma música lançada em janeiro de 2020, durante sua performance na 62ª Edição do Grammy. E apesar de ter sido lançada em 2020, Anyone foi gravada em 2018, 4 dias antes de seu episódio de overdose ocorrer.

Na música, Demi, desesperada e emocionalmente, clama por ajuda, afirma se sentir sozinha e questiona se há alguém para ajudá-la. É uma música bastante forte e que, colocada como primeira faixa, consegue transmitir como ela estava se sentindo por conta das crises e da overdose antes de introduzir a arte de recomeçar.

E além da mensagem trazida na letra, Demi Lovato consegue mostrar toda sua extensão e capacidade vocal. Alcançando notas altas e com um timbre impecável, ela acertou bastante em trazer Anyone como a faixa de abertura.

Faixa 2 | Dancing with the Devil

Nota: 10

Lançada uma semana antes do álbum, a segunda faixa, Dancing with the Devil, complementa a primeira à medida em que ela relata – agora de uma maneira mais racional – o episódio da overdose.

Ela conta na música que estava “dançando com o diabo” e “brincando com o inimigo”. Mas se apresenta forte ao afirmar que continua rezando para não alcançar o fim de sua vida. Isso mostra que ela quer viver, quer continuar lutando… A letra é profunda e emocionante, o instrumental é muito bom e os vocais impecáveis.

O “diabo” apresentado na música pode ser também representado pelo traficante, que não apenas vendeu a droga no dia de sua overdose, mas também abusou dela. Além do documentário previamente mencionado, Demi também relata esse incidente no videoclipe da música, que você pode assistir aqui.

Faixa 3 | ICU (Madison’s Lullabye)

Nota: 8.5

Madison’s Lullabye, ou traduzindo, canção de ninar de Madison, é sobre a irmãzinha de Demi, chamada Madison. O instrumental e a melodia da música remetem, de fato, a uma canção de ninar. E o único ponto negativo é realmente a caracterização repetitiva de canção de ninar nessa faixa.

ICU é uma gíria de abreviação da língua inglesa, por soar como “I see you”, ou eu te vejo, em português. Isso faz relação com o episódio da overdose, no qual Demi acordou no hospital sem conseguir enxergar devido ao efeito das drogas. Ela não conseguia ver nem reconhecer Madison, que estava ao seu lado.

Foi um momento bastante pesado e emocional para ambas, e por isso, através de uma melodia e letra linda, Demi afirma para Madison que ela a vê.

A cantora também se preocupa em ser a imagem errada para a irmã mais nova, transmitindo muito amor e afeto para ela. No fim da música, é possível ouvir a voz de Madison dizendo “I love you, Demi”, e a Demi respondendo “I love you too”, o encerramento perfeito para a canção.

Faixa 5 | The Art of Starting Over

Nota: 10

Em um instrumental incrível e diferente de tudo que ela fez em sua carreira, apresentando versatilidade com uma letra e voz lindas, Demi nos introduz à arte de recomeçar. É aqui que ela diz achar que está entendendo essa tal arte. Isso a referencia como sobrevivente, guerreira e alguém em busca de continuar vivo.

Faixa 7 | The Way You Don’t Look at Me

Nota: 10

Uma das melhores faixas do álbum, em The Way You Don’t Look at Me Demi conta sua perspectiva sobre alguém que ela gosta mas não a enxerga, não a percebe, não a nota.

O instrumental com violão casou perfeitamente com a vibe e a letra da canção. E nessa faixa Demi executa vocais lindos e melancólicos, que também atendem à ideia proposta.

Faixa 9 | Met Him Last Night ft. Ariana Grande

Nota: 10

A faixa mais esperada e promovida do álbum, de fato, atendeu às expectativas. Ambas as cantoras demonstram que são ótimas vocalistas e, juntas, apresentam vocais incríveis e harmonizam de uma forma impecável.

A faixa foi escrita por Ariana, mas dada a Demi, que brilhou na performance vocal e na entrega. Ambas estão sob o mesmo gerenciamento de Scooter Braun e possuem uma grande amizade. Por isso, a colaboração já era prevista e até questionada, mas a resposta das mesmas foi incrível.

Faixa 12 | The Kind of Lover I Am

Nota: 9

Com essa música, Demi, de um modo mais bem-humorado, relata o tipo de “amante” que ela é. Ela diz não se importar com gênero ou genitálias, afinal, ela é assumidamente pansexual.

O final da faixa, ou Outro, é bastante peculiar. Com uma voz “robótica”, ela fala que não se importa com as genitálias e apenas quer alguém para compartilhar a vida, entretanto, não no momento, pois ela está bem sozinha.

Faixa 13 | Easy ft. Noah Cyrus

Nota: 10

A 13ª faixa do álbum é, sem dúvidas, o ápice de todo o projeto. A melhor música, com a melhor letra e o melhor instrumental. A canção fala sobre o quanto é difícil partir e fingir que é fácil. Noah surpreendeu bastante também, harmonizando lindamente em conjunto com Demi.

Faixa 14 | Mad World

Nota: 10

Como última faixa-destaque apresentada, temos a número 14. Em mais um dos vários covers da música “Mad World”, da banda britânica Tears for Fears, Demi conseguiu trazer uma autenticidade especial e diferenciada.

A faixa se encaixa perfeitamente a alguns dos sentimentos expostos por ela durante o álbum e é uma das melhores versões de Mad World já feitas, se não a melhor. Os vocais e a melodia estão ótimos e é possível sentir o que a Demi quer transmitir de forma clara.

Conclusão sobre Dancing with the Devil… the Art of Starting Over

Além das 9 faixas-destaque citadas previamente, outras também se demonstraram ótimas, como My Girlfriends are My Boyfriend ft. Saweetie, na qual Demi traz um pop mais “chiclete” e com uma mensagem bem positiva sobre amizade.

Já a faixa Carefully traz uma Demi vulnerável, clamando para que seu próximo amor a trate com cuidado devido a suas fragilidades.

Contudo, há algumas faixas que não se destacam tanto e podem ser classificadas como as piores do álbum, por serem muito específicas sobre pessoas e acontecimentos da vida de Demi. Por exemplo, a faixa 15 Minutes é sobre seu ex-noivo, a faixa Melon Cake é sobre algumas coisas muito específicas, e California Sober, que é sobre sua sobriedade atual.

Essas três faixas, mesmo classificadas como as piores do álbum, ainda são boas, apenas muito repetitivas e específicas, o que as ofusca das demais músicas do projeto.

Por fim, é um álbum coeso, com uma narrativa linear e que traz uma versatilidade à tona por parte da Demi, a qual nunca a trouxe até o momento. É sem dúvidas seu melhor álbum até a atual data, por contar com mensagens bastante importantes, além de uma sonoridade única, autêntica e perspicaz. Minha nota final é de 9,2/10.

Ouça Dancing With the Devil… the Art of Starting Over, disponível nas principais plataformas digitais como Spotify, Apple Music, iTunes, Deezer e YouTube.

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Ricardo Borges
Ricardo Borges

Graduando em jornalismo, 19 anos. Uberlândia, MInas Gerais.

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