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Crítica | Curtas de Risada Garantida (eu garanto) – Curtaflix
(Escrito por Roberto Costa) Com três curtas abordando diferentes temas, a sessão Curtas de risada garantida cumpre seu propósito de divertir mas dá uma deslizada em entregar uma crítica concreta.
Vejam bem, é evidente que os curtas não entregam histórias puramente escapistas. O grande problema está na profundidade das críticas propostas nos curtas, que de certa forma parecem rasas ou exigem uma visão abstrata até demais para se fazerem válidas.
Fica claro que a proposta do curador Rafa Câmara de trazer curtas para fazer o público se aproximar é cumprida, tanto que os três curtas são muito fáceis de se relacionar. Suas situações são palpáveis, a risada vêm muito fácil mas não o suficiente para esquecer alguns pontos.
BMW Vermelha
Com direção de Eduardo Ramos e Reinaldo Pinheiros, BMW Vermelha é o primeiro dos três curtas e conta a história de um morador de uma favela de São Paulo que ganha uma BMW zero em um sorteio.
Tudo bem que sua história é bem divertida e simples, de um modo que não dá voltas e voltas mirabolantes demais.
O grande pecado do curta é intrínseco a sua história, e vai muito da visão do público tratar isso como um erro, que é justamente essa imagem da pessoa pobre como burra, enrolada, ignorante.
Claro que BMW Vermelha não é em nenhum momento propriamente insultante, mas pintar pessoas pobres de um jeito tão caricato chega a ser embaraçoso.
Entra também nessa questão a própria opinião de quem está assistindo, que pode levar isso como parte da crítica político-social do curta.
Os Filmes que Não Fiz
Os Filmes que Não Fiz, com a direção de Gilberto Scarpa, é o mais interessante dos três curtas.
Seu molde, que simula os documentários em que os famosos diretores de filmes falam das suas obras, é absurdamente envolvente e seu tom mais cínico é perfeito para mostrar justamente a filmografia de um diretor que não tem filmes.
Mesmo sendo mais “distante” do público, com a história em si muito mais relatável para pessoas do meio, o curta consegue instigar o espectador. Até mesmo nos faz comprar a ideia do personagem sobre suas obras geniais que nunca ganharam vida além do papel.
E apesar de ser muito interessante, Os Filmes que Não Fiz ainda deixa esse gostinho amargo de que falta uma crítica mais elaborada por trás.
Com uma das propostas da sessão ser lembrar que o humor não é sempre escapista, o sentimento que fica é que falta explorar essas críticas.
Demônia – Melodrama em 3 Atos
Demônia – Melodrama em 3 Atos é no mínimo interessante. Com direção de Cainan Baladez e Fernanda Chicolet, é o mais recente dos três curtas da sessão.
Com um começo lento, Demônia tem um humor bem apreciado nos dias de hoje, por ter uma inspiração clara em um meme famoso da internet: A Socorro feirante.
Além de tudo, é o curta que mais cumpre o dito no nome da sessão. Roubando sua risada de modo infalível quando a história começa a se desenvolver mais rápido.
Apesar de pecar na falta de uma crítica mais incisiva, Demônia é perdoada quando mostra de modo satírico a relação com a religião que marcou o meme original.
Mas também sinto que eu preciso dizer que não é necessário ter conhecimento do meme original para entender ou rir com esse curta.
Fernanda Chicolet consegue traduzir bem os sentimentos que a Socorro causou em toda a internet com sua história. Sendo uma bela homenagem em um enredo que apesar de similar tem seu toque de originalidade.
Ademais, eu considero a sessão Curtas de risada garantida (eu garanto) realmente divertida.
Curtas com seu próprio estilo cômico, trazendo humor de formas diversas e interessantes de ver, além de histórias bem originais e instigantes.
Lembrando o Otageek está cobrindo todo o Festival Curtaflix, onde vocês podem encontrar diversos curtas com temas diferentes selecionados por curadores especiais, além de claro acompanhar as críticas das sessões aqui no site!
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