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Bingo: O Rei das Manhãs| 7 motivos para apreciar esta obra
Ao ver um palhaço na capa, bem como o nome Bingo: o rei das manhãs, em um primeiro momento pode-se julgar o filme como de cunho humorístico ou talvez infantil. Entretanto, já dizia o velho ditado: “não julgue o livro pela capa”.
O longa, apesar de momentos cômicos muito bem dosados, é enquadrado como drama e faz jus a tal gênero, com classificação para maiores de 16 anos. Desta forma, se for assisti-lo, as crianças não devem estar na sala.
O filme “Bingo: o rei das manhãs” é brasileiro e inspirado na vida do ator e apresentador Arlindo Barreto, um dos primeiros e mais famosos Bozos brasileiros. Porém, na época ele não foi reconhecido diante da cláusula do contrato que o impedia de revelar que era o palhaço.
Dirigido por Daniel Rezende e roteirizado por Luiz Bolognesi, o longa de 2017 conta com um elenco de peso: Vladimir Brichta, Leandra Leal, Ana Lucia Torre, Emanuelle Araújo, Pedro Bial, Domingos Montagner, entre outros. Além disso, é ganhador do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro como Melhor Longa-Metragem de Ficção de 2018.
Infelizmente, assim como outros filmes nacionais, essa é mais uma obra cinematográfica que não ganhou o gosto popular nem o reconhecimento devido à imagem negativa que rotula os longas brasileiros. Mas como a nossa missão é desconstruir esse ponto de vista, elencamos 7 motivos pelos quais você deve ver esse filme.
Vamos começar?
1. Direção de Daniel Rezende
Daniel Rezende é conhecido por ter sido responsável pela edição/montagem de filmes famosos como Cidade de Deus (2002); Tropa de Elite (2007); Cidade dos Homens (2007); Robocop (2014), entre outros. Como podemos ver, ele é um profissional com repertório bem rico e certamente não deixaria a desejar na direção de filmes, mas o que não se esperava era um tão bom trabalho em sua primeira direção cinematográfica, que por acaso é a produção ‘Bingo: o rei das manhãs‘.
2. Ambientação na década de 80 trazendo contextos históricos brasileiros
- A censura da ditadura militar ;
- A pornochanchada;
- Cidades, carros, roupas e locais muito bem ambientados à época;
3. O padrão excluindo grandes talentos
Marta Mendes, mãe do protagonista, traz uma realidade cruel e injusta vivenciada por milhões de mulheres, especialmente as do meio artístico. À medida que os anos avançam e as marcas da idade ficam mais evidentes, passam a não ser mais chamadas para trabalhos, caindo no esquecimento.
4. Obstáculos e assédio
Leandra Leal interpreta a diretora do programa Lúcia, uma mulher tentando se impor em um cenário dominado por homens, além de trazer na personagem algo que pelo menos deveria ter incomodado a todos os telespectadores: o assédio no local de trabalho.
5. Cores que intensificam o estado de espírito do Bingo, o protagonista no filme
As variações de tonalidade da cor amarela, ao longo do filme, são usadas para reforçar momentos em que o personagem está feliz, situações em que sente-se confortável, locais e pessoas que lhe trazem aconchego e momentos de vitória, sejam elas representadas pela iluminação de holofotes ou por simples lâmpadas.
A cor verde, por sua vez, aparece em vários momentos em tonalidades que lembram algo sujo, podre, que remete ao nojo, à imoralidade e à corrupção. Geralmente aparece em cenas de sexo ou quando o protagonista consome drogas e bebidas, como também em sua própria caracterização de Bingo no decorrer do longa. Por fim, a cor azul aparecem tonalidade mais escura e fria, intensificando a tristeza sentida pelo personagem.
6. Baseado em uma história verídica
O filme é baseado na história de Arlindo Barreto, um dos primeiros intérpretes do palhaço Bozo. Entretanto, o diretor se deu mais liberdade artística para trabalhar nesta bibliografia através da alteração dos nomes e logos das emissoras SBT (TVP) e GLOBO (TV Mundial).
Além disso, os nomes dos personagens, com exceção de Gretchen, são substituídos por nomes fictícios, como por exemplo Bingo/Bozo e Augusto Mendes/Arlindo Barreto. Algumas das características do palhaço também foram alteradas: sua peruca vermelha, por exemplo, passou a ser azul.
7. Montagem paralela e planos longos
O uso de planos longos ocorre em momentos específicos, particularmente para dar mais ênfase a duas situações: a ascensão do protagonista e seu declínio. Outra técnica cinematográfica usada com louvor foi a montagem paralela, mas para identificá-la é necessário prestar atenção do início até o final, especialmente na relação entre mãe e filho e em um detalhe primordial: a vestimenta vermelha.
É, eu sei, ficou confuso esse finalzinho, mas não posso dar spoilers. Fique atento a esses detalhes que tudo fará sentido após assistir o filme.
Por fim, aprecie esta obra sem moderação e conte para nossa equipe o que achou através dos comentários.