Crítica | Beanpole – Uma Mulher Alta

Premiado em 2019 como Melhor Diretor na mostra Un Certain Regard do Festival de Cannes, Beanpole conta uma história de sobrevivência.

A narrativa de Beanpole se passa em Leningrado, uma cidade russa que passou por um cerco logo após o fim da segunda guerra mundial.

Pôster de Beanpole - Uma Mulher Alta
Premiado em 2019 como Melhor Diretor na mostra Un Certain Regard do Festival de Cannes.

Uma Mulher Alta
Ano: 2019
Direção: Kantemir Balagov
Duração: 137 min

O filme é baseado no livro “A guerra não tem rosto de mulher, de Svetlana Aleksiévitch, escrito em 1985. É sobre a experiência, tão pouco contada, das mulheres que lutaram no Exército Vermelho.

Beanpole é uma história sobre sobrevivência, mais especificamente sobre sobreviver a traumas. É um lembrete de que mesmo depois do fim de uma guerra, os problemas e terrores não acabam imediatamente.

A obra mostra pessoas tentando fazer a vida ter sentido nesse cenário e seguir em frente apesar das cicatrizes. Veja o trailer abaixo:

Todas essas dores e anseios são ilustrados através das personagens de Iya, uma jovem alta e magra que recebe o apelido de “beanpole”, e Masha. Elas se conheceram na guerra, enquanto trabalhavam. Ambas buscam obsessivamente por algo que dê sentido para suas vidas, algo que preencha o vazio e a solidão que sentem ao retornarem para casa.

A doce e tímida Iya busca desesperadamente o amor e perdão de Masha, com quem tem uma grande dívida. Ela sofre de síndrome pós-concussão, que faz com que “congele” por alguns minutos onde quer que esteja, condição adquirida no período em que trabalhou como artilharia antiaérea.

Masha, uma mulher estéril, fantasia com a possibilidade de gerar vida em um mundo onde ela é tão rara e árdua e a mortalidade das crianças é tão comum, não se importando em utilizar a tudo e a todos ao seu redor para alcançar seu desejo, sua necessidade.

O filme é, em muitos aspectos, uma obra de arte. A forma como muito da narrativa é contada sem nenhum diálogo, apenas com ângulos de câmera e uma atuação fenomenal por parte dos atores, é impressionante, sendo para mim um dos maiores atrativos do longa.

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A paleta do filme é toda em tons terrosos, principalmente verde e vermelho. Isso, somado ao cuidado e preciosismo com os detalhes e a forma como as coisas estão dispostas em cada cena, faz com que cada frame pareça um quadro.

Mais impressionante ainda é saber que o diretor, Kantemir Balagov, e a diretora de fotografia, Ksenia Sereda, tem respectivamente apenas 29 e 26 anos. Apesar de serem tão novos, ambos possuem prêmios e indicações por seus trabalhos.

Iya e Masha comendo juntas
Viktoria Miroshnichenko e Vasilisa Perelygina são ambas novatas no universo do cinema e fazem um deslumbrante trabalho de atuação.

Beanpole é um filme longo e com uma história angustiante e pesada, cheio de momentos de tirar o fôlego. Ainda assim, é belo, delicado e imersivo. Com certeza é um filme que vale a pena conferir e vai te deixar pensativo.

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Luna | A Patroa da Redação
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