Crítica | Adaptação de In The Heights, musical de estreia de Lin-Manuel Miranda, encanta fazendo qualquer pessoa de ascendência latina se identificar

A adaptação do musical In The Heights chegou aos cinemas, através do HBO Max, no dia 11 de junho. O filme traz para as telonas a maior concentração energia latina que Hollywood já viu.

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Enredo

In The Heights conta a história de um bairro em Nova Iorque, chamado Washington Heights, habitado principalmente, por imigrantes, ou descendentes de latinos. Temos a oportunidade de acompanhar o dia a dia, os sonhos, as desilusões dessas pessoas que lutam todos os dias para sobreviver ali.

Dentro desse pequeno universo temos como personagem principal Usnav (Anthony Ramos), um rapaz que sonha em voltar ao seu país de origem, a República Dominicana, afirmando que lá passou os melhores dias de sua vida.

Os outros personagens, como o casal Nina (Leslie Grace), e Benny (Corey Hawkins), o quarteto do salão Daniela (Daphne Rubin-Vega), Carla (Stephanie Beatriz), Cuca (Dascha Polanco), e Vanessa (Melissa Barrera), além da abuela Claudia (Olga Merediz), Kevin (Jimmy Smits) e o garoto Sonny (Gregory Diaz IV), colorem a história, e deixam sua marca em quem está assistindo.

Um dia Usnav, que é dono de uma mercearia bem nos moldes que encontrados em qualquer esquina aqui no Brasil, descobre que vendeu um bilhete premiado de loteria, a partir desse momento acompanhamos o impacto desse acontecimento na vida daquela comunidade.

In The Heights poster Otageek
Reprodução: Warner Bros Pictures

Personagens

O desenvolvimento dos personagens que vivem no bairro de Washington Heights é feito de uma forma muito carinhosa, e respeitosa em cada aspecto, em especial levando em conta o envolvimento do criador Lin-Manuel Miranda, que inclusive participa como o Senhor Piragüero.

Usnav é o protagonista, o dono da mercearia pela qual os outros personagens passam para iniciar seu dia. Ele trabalha junto seu primo Sonny (Gregory Diaz IV) tentando manter o garoto no caminho certo.

O sonhador Usnav é apaixonado pela vizinha Vanessa, que tem uma personalidade muito forte, muita ambição, e pouco a tempo a perder com aquilo que não vai ajudá-la em seu objetivo. O sonho da cabeleireira, é se tornar estilista.

A Abuela Claudia é uma mulher que chegou aos EUA criança, e acompanhou o sofrimento de sua mãe em se adaptar à um país totalmente hostil com imigrantes, ela não teve filhos, por esse motivo adotou toda a comunidade como sua família.

Nina foi adolescente que sempre tirou notas boas, mas quando vai para faculdade não se sente parte daquele ambiente, além de ter que lidar com racismo, a maneira como ela passa a usar o cabelo natural a partir do momento em que volta para casa tem um significado muito forte.

A gente acompanha o dia a dia das pessoas que fazem parte desse bairro. Mesmo aqui no Brasil nós temos vários dos estereótipos apresentados se longa, a cabeleireira Daniela que conhece todos no bairro, e movimenta as pessoas no final, fazendo com que elas se lembrem do local de onde elas vieram.

Representatividade latina, senso de comunidade e gentrificação

Por mais que o foco da história sejam os países latinos de língua espanhola, aquece o coraçãozinho brasileiro ver a nossa bandeira ali, é muito interessante descobrir o quanto podemos nos reconhecer assistindo ao filme, você vai se pegar cantado todas as músicas a plenos pulmões.

Em dezembro chega aos cinemas o remake de West Side Story (1961), dirigido por Steven Spielberg (Indiana Jones), talvez o musical mais conhecido quando se fala em representação latina na Broadway, o fato de se tratar de uma reconto de Romeu e Julieta pode ajudar.

As comparações entre as duas obras são inevitáveis, porém é necessário apontar aqui que se tratam de duas abordagens completamente diferentes, em West Side Story temos os Jets, e os Sharks, duas gangues brigando por espaço na Nova Iorque da década de 50, já In The Heights é sobre o senso de comunidade que une pessoas de ascendência latina.

O longa também toca em assuntos que afetam cada vez mais a nossa vida moderna, como gentrificação, a mudança de Daniela, levando o principal salão do bairro, a lavanderia cobrando muito mais do que os moradores comuns podem pagar, até mesmo Kevin Rosário com dificuldades em manter sua frota da táxi.

Usnav diz no início do filme que o bairro está desaparecendo, e não é difícil ver o motivo, é como se os sonhos dos moradores de Washington Heights estivessem prestes a serem engolidos, mas no fundo nós sabemos que as coisas vão se resolver.

Apesar das transformações pelas quais o bairro passa durante o longa, chegamos ao final da jornada com a sensação de sua essência foi mantida, e que aqueles personagens todos encontraram seu lugar no mundo.

In The Heights esteve em cartaz na Broadway entre 2008 e 2011, e ganhou 4 Tony Awards, inclusive o de melhor musical. O filme entra em cartaz nos cinemas brasileiros a partir de 17/06.


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Aline Merkle
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