Crítica | A surpreendente história de ‘Little Fires Everywhere’

Minissérie é, sem dúvida, um novelão clássico das noites da Globo, com tramas recheadas de intrigas, reviravoltas, descobertas e os gostosos melodramas familiares
Poster de divulgação de Little Fires Everywhere
Poster de divulgação de “Little Fires Everywhere”

A minissérie adaptada do livro homônimo de Celeste Ng, Little Fires Everywhere, presente no catálogo do Prime Video no Brasil, é uma daquelas grandes produções: repleta de reviravoltas, atuações impecáveis e uma trama cheia de mistério.

Produzida e estrelada por Reese Witherspoon e Kerry Washington, a minissérie é um drama ambientado nos anos 90, a qual conta a história de duas mães que passaram por difíceis momentos no passado e hoje vivem em constante conflito uma com a outra.

Pois bem, uma delas é Mia (Washington), uma mãe negra, artista, que cuida sozinha de sua filha Pearl (Lexi Underwood). Do outro lado, temos Elena (Whitherspoon), uma mãe branca, jornalista, bem-sucedida, casada e com quatro filhos.

A história começa quando Mia chega à cidade de Shaker Heights, no estado norte-americano de Ohio, e acaba se tornando inquilina de Elena. As duas passam a conviver juntas e criam uma amizade um tanto quanto peculiar. Tendo essa aproximação entre as famílias, a filha de Mia, Pearl, começa a questionar a forma como vive e, além de criar uma amizade com os filhos de Elena, desperta o desejo de ter a mesma vida que seus novos amigos levam.

Filhos de Elena e Mia na sala
Filhos de Elena e Mia na sala

Além das experientes atrizes, a minissérie apresenta e conduz muito bem os personagens jovens da história: os quatro filhos de Elena sempre tiveram uma ótima vida, mas vivem com o peso do controle obsessivo de sua mãe. Já Pearl tem pequenos conflitos com Mia pelo fato de mudarem constantemente de cidade e ela não ter nenhuma informação sobre o seu passado.

Little Fires Everywhere é, sem dúvida, um novelão clássico das noites da Globo, com tramas recheadas de intrigas, reviravoltas, descobertas e os gostosos melodramas familiares. Porém, além disso, a minissérie traz primordialmente em sua história o racismo estrutural, o privilégio branco e as dificuldades da maternidade.

Sendo muito bem desenvolvida e clara no decorrer de todos os episódios, Little Fires Everywhere percorre pelos temas de forma séria, densa e organizada. A minissérie opta por apresentar os assuntos, diferentemente do que presenciamos em outras produções. Aqui, tudo é mostrado de um jeito sutil e discreto, manifestado nas pequenas atitudes corriqueiras daquelas pessoas.

Filha de Elena com seu namorado dentro de um carro
Filha de Elena com seu namorado dentro de um carro

Assim, a trama vai plantando tudo pelas beiradas da história, podendo até passar algo despercebido às vezes. Todavia, quando passamos episódio por episódio, percebemos o preconceito estampado nesses personagens e como as diferenças sociais e o racismo estavam impregnados naquele lugar.

Em relação à maternidade e a dificuldade que as mães passam para cuidar de seus filhos, são abordadas de várias perspectivas diferentes. Assim, pouco importa a boa situação financeira de Elena ou a proteção que Mia dava para a sua filha, pois Little Fires Everywhere mostra que as mães sofrem, que elas abandonam seus sonhos e, principalmente, elas erram. Entretanto, por nenhum momento deixam de pensar em seus filhos ou de tentar consertar os erros do passado.

Bebe Chow segurando a filha de Linda no colo
Bebe Chow segurando a filha de Linda no colo

Na história, ainda acompanhamos a imigrante Bebe Chow (Huang Lu), que escolhe abandonar sua filha por não ter condições financeiras e psicológicas para cuidar dela. Dessa forma Linda (Rosemarie DeWitt), que tem a infelicidade de não conseguir engravidar, quando vê a possibilidade de uma adoção, não mede esforços para conseguir a guarda e se tornar definitivamente a mãe dessa criança.

Little Fires Everywhere tem uma trama angustiante e um ritmo frenético do começo ao fim. Acerta em revelar aos poucos os segredos obscuros dos personagens, construindo, dessa forma, um desfecho emblemático, digno de final de uma excelente temporada.

Veja o trailer:

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Lucas Almeida
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