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Crítica | A melancolia de ‘Nico, 1988’
O filme Nico, 1988 chega ao Brasil por meio do festival 8 ½ Festa do Cinema Italiano, que está rolando desde o dia 28 de agosto e vai até o dia 10 de setembro, exibindo 20 produções italianas gratuitamente pela plataforma Looke.
O drama Nico 1988, dirigido por Susanna Nicchiarelli, retrata a última turnê e os últimos anos da cantora Nico enquanto tenta se reconciliar com seu filho, Ari, além de lidar com sua dependência química e depressão. A atriz dinamarquesa Trine Dyrholm brilha ao interpretar Nico de forma crua e real. Nico, 1988 ganhou vários prêmios, dentre eles quatro David Di Donatello (premiação italiana equivalente ao Oscar), incluindo melhor roteiro e melhor som, e a Mostra Orizzonti no Festival de Veneza.
Um pouco sobre Nico
Nome artístico de Christa Päffgen, nasceu na Alemanha em 1938. Nico iniciou sua carreira como modelo aos 13 anos e não demorou muito para que atingisse o estrelato, quando começou a aparecer em revistas conceituadas como Vogue e Elle.
Depois do sucesso como modelo, começou a atuar e por causa desse ofício conheceu o pintor e cineasta de pop art, Andy Warhol, tornando-se uma de suas musas. Participou de um dos filmes mais conhecidos de Warhol, “Chelsea Girls”. O artista apresentou Nico para a banda The Velvet Underground e, assim, ela gravou os vocais de três músicas, “Femme Fatale“, “All Tomorrow’s Parties” e “I’ll Be Your Mirror“, e colaborou com o álbum de estreia, intitulado The Velvet Underground and Nico, lançado em 1967. Após o fracasso de vendas do álbum, Nico deixou a banda para focar em sua carreira solo.
Durante as situações narradas pelo drama bibliográfico, é possível notar o incômodo de Nico quando questionada em entrevistas sobre sua participação em The Velvet Underground, banda na qual ficou por apenas um ano. É como se sua carreira não fosse relevante a não ser por ter participado da banda, mas o trabalho de Nico foi diversas vezes aclamado pela crítica. A artista expressa seu desconforto com repostas ríspidas e incisivas.
Também acompanhamos sua luta contra o vício em heroína que, em crises de abstinência, a leva a tomar decisões questionáveis e ter atitudes impulsivas, causando mal-estar entre os colegas de banda e com seus empresários.
O filme é extremamente bem dirigido, os tons frios escolhidos por Nicchiarelli dão um ar melancólico na medida certa. O enquadramento quadrado em que o longa foi gravado chama a atenção, deixando o telespectador curioso. A diretora explica:
“Uma das principais escolhas foi o clima da segunda metade dos anos 1980, que é muito interessante; tem a decadência e a qualidade do VHS. Eles trabalharam na qualidade do VHS e tentaram reproduzir isso, aquele tipo de sentimento. VHS e televisão são de formato quadrado e isso o obriga a focar nos personagens. Acho interessante quando o cinema volta ao quadrado. Ultimamente, alguns dos melhores filmes que eu vi são quadrados.”, justificou.
A trilha sonora é composta principalmente por músicas de Nico e cantadas por Dyrholm. Com uma voz poderosa e visceral, a atriz consegue transmitir todos os sentimentos de Nico para quem está assistindo. Conseguimos sentir suas dores, angústias, desejos e arrependimentos.
Uma das cenas mais dolorosas e fortes é quando Nico performa “My Heart Is Empty”. A letra marcante se junta aos acontecimentos do filme em perfeita harmonia, emocionando o telespectador, o qual torce por um final feliz.
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Nico, 1988 é um filme intenso no qual acompanhamos os momentos finais da cantora em suas batalhas contra seus demônios internos. Em seus 93 minutos de duração, ficamos extasiados com o talento tanto da cantora como da atriz que a interpreta. É um grande filme italiano que merece ser visto.
Vale ressaltar que, embora seja um filme de origem italiana e belga, o longa foi gravado em língua inglesa.
Confira o trailer:
Quer saber mais sobre o festival 8 ½ Festa do Cinema Italiano? Clique AQUI para conferir quais produções estão sendo exibidas.
Texto escrito por Sabrina Ventresqui
Nico é uma canção triste em forma de pessoa…. recomendo muito , caso queira, ouvir a canção “song for Nico”, da Marianne Faithful. Linda e triste, como a homenageada.
Em relação ao filme, verei em águas caribenhas, creio 😀