Crítica | 3ª temporada de ‘Cobra Kai’

Série originalmente criada pelo Youtube, Cobra Kai foi um dos projetos disponibilizados pela plataforma em seu serviço Premium. Após o lançamento de duas temporadas, a série que até então era vista apenas pelos fãs da franquia original chegou à Netflix no ano passado se tornando um fenômeno mundial.

Já é válido ressaltar que as três primeiras temporadas foram produzidas especificamente pelo Youtube. Mesmo que a terceira seja de exclusividade da Netflix, a continuação da história não teve a influência criativa por parte do serviço de streaming – algo que vai acontecer agora em sua quarta temporada. 

Relembrando a origem de Cobra Kai

A série Cobra Kai é uma sequência “direta” ao universo dos clássicos filmes da franquia Karatê Kid, que se iniciaram na década de 80. Em 1984, estreou Karatê Kid: A hora da verdade, um sucesso absoluto nos cinemas e, anos mais tarde, no Brasil, nas telinhas da Rede Globo.

O longa se tornou um marco tão grande na época que foi seguido de mais três produções: Karatê Kid: A hora da verdade continua (1986), Karatê kid: O desafia final (1989) e Karatê Kid: A nova aventura (1994). 

Além do mais, o filme tomou novos rumos em 2010, agora com Jackie Chan e Jaden Smith protagonizando essa espécie de sequência/reboot. Este acabou não sendo um grande sucesso como o esperado. Por outro lado, mostrou a força que o nome ainda tinha no mercado e principalmente nos corações das pessoas. Tal qual, em 2018, a história avançou 30 anos para nos contar o que aconteceu com Daniel Larusso e Johnny Lawrence, após as aventuras de quando ainda eram jovens. 

O impacto das 2 primeiras temporadas de ‘Cobra Kai‘

Bem, como disse, a série apenas tomou grandes proporções quando a produção foi incluída no catálogo da Netflix. Cobra Kai rapidamente entrou no Top 10 da plataforma se tornando um sucesso absoluto tanto entre os mais velhos quanto os mais jovens.

Esse sucesso foi tão grande que a procura pelos filmes originais começaram a acontecer. Isso acorreu pelo simples motivo da série despertar como ninguém a curiosidade dos espectadores em conhecer a juventude desses dois protagonistas.

Pois, no filme de 1984, Daniel Larusso era o protagonista/mocinho da história. O garoto era deslocado, sofria bullying, passava dificuldades financeiras e sempre teve que se superar para conseguir alcançar seus objetivos. Em contraponto, Johnny Lawrence era o antagonista. Um jovem popular, de família rica, líder e o melhor lutador de Karatê da região. 

Logo, Cobra Kai plantou na cabeça das pessoas que Daniel Larusso possa na verdade ter sido o vilão da história. Além disso despertou o desejo de acompanhar e torcer para Johnny, levando as pessoas a revisitarem a obra original e fazendo com que os jovens buscassem conhecer de onde veio a inspiração da série. 

Atenção: esta crítica contém spoilers da 3ª temporada de Cobra Kai!

3ª temporada de Cobra Kai

A nova temporada chegou no dia primeiro de janeiro de 2021 na Netflix, contendo 10 episódios prontos para serem maratonados. A sequência, que é direta aos acontecimentos finais da última temporada, acabou abandonando um pouco das lutas, para aprofundar em alguns personagens e trazer outros que fizeram parte da juventude de Daniel Larusso de Johnny Lawrence.

Após o final da última temporada, rapidamente a Netflix lançou o trailer da sequência. Várias pontas ficaram abertas e algumas curiosidades começaram a surgir por parte dos amantes da série.

Uma das maiores dúvidas era como Miguel iria se recuperar, após o trágico acidente no final da temporada passada. E, felizmente, a história não perde tempo em sua recuperação. Digo mais, a série utiliza a triste situação de Miguel para trazer momentos dos mais absurdos e extremamente divertidos entre ele e o seu Sensei Johnny. Além de homenagear o rock n´ roll em uma dessas cenas.

Além disso, a história não perde tempo em apelar para a nostalgia. Foca em trazer um pouco mais de brilho para Daniel, que tanto foi ofuscado pelo rival Johnny nas primeiras temporadas. Ou seja, ela o leva a lugares e ao reencontro de pessoas importantes do seu passado. 

Apostando na nostalgia

Para recuperar a sua loja de carros, Larusso volta a Okinawa para tratar de assuntos relacionados à sua empresa. Lá, ele acaba encontrando dois personagens super importantes de Karate Kid 2: Kumiko (Tamlyn Tomita) e Chozen (Yuji Okumoto). E, por mais que um deles tenha sido seu arqui-inimigo no antigo longa, aqui, ele contribuiu para nos deslumbrar em mostrar antigos ensinamentos do Sr. Miyagi. 

Falando em nostalgia, o retorno de Ali, interpretada pela maravilhosa Elisabeth Shue, foi sem dúvida foi um dos maiores presentes aos fãs nessa temporada. Sendo o centro da rivalidade entre Daniel e Johnny na adolescência, Ali volta em grande estilo, além de ajudar Johnny a superar os traumas que ocorreram no seu passado. 

John Kreese

Uma das novidades que pintou em alguns episódios foi a inserção de detalhes que aconteceram no passado de John Kreese. Detalhes que serviram para moldar toda maldade existente no personagem, mesmo que não haja a necessidade para esse background em sua história, visto que o personagem sendo ruim, perverso e cruel se encaixa perfeitamente aos moldes da série.

Trazer os traumas como consequências de uma experiência de vida militar acaba sendo até satisfatória e reforçando ainda mais a maldade existente nesse personagem. 

A nova geração

Mesmo que haja poucas lutas nessa temporada, ainda assim há momentos extremamente tensos entre os dois Dojos. Muito disso, é claro, vem da forma como John Kreese treina seus alunos. A forma brutal e violenta traçada pelo Sensei estimulou ainda mais a rivalidade entre eles, principalmente entre Sam (Mary Mouser) e Tory (Peyton Roi List). 

Após os acontecimentos finais da última temporada, Sam está cheia de traumas e medos do que pode vir a acontecer se essa rivalidade de fato continuar. Até porque, o modo como Kreese “educa” seus meninos os levam a passarem dos limites e aumentarem ainda mais o nível desses confrontos. 

Sendo um dos personagens mais interessantes no decorrer das temporadas, Hawk (Jacob Bertrand), foi do garoto que sofria bullying ao mais valentão da escola. Ele volta atrás nas escolhas que fez quando começa a entender que quem ele se tornou não é de fato quem ele deseja ser. 

Já Robby (Tanner Buchanan) é um dos personagens mais difíceis de se gostar. Isso ocorre pelo fato do ator ser o mais fraco entre todo o jovem elenco, mesmo que tenha cenas de ação um tanto quanto legais envolvendo seu personagem. Ainda assim, Robby desperta aquela sensação de desgosto pelo caminho que seu personagem vem traçando e, principalmente, onde ele terminou nessa temporada. 

Considerações finais

Cobra Kai se mostra muito competente em não só trazer nostalgia e belas cenas de ação, mas também em criar sua própria história a partir de acontecimentos passados. Ainda assim, novos personagens são desenvolvidos com extremo cuidado e carinho por parte dos criadores.

Com uma trama envolvente que intercala momentos divertidíssimos, dramáticos e de pancadaria, Cobra Kai é uma das melhores séries da atualidade que abraçou o cafona como nenhuma outra produção conseguiu ou que possivelmente conseguirá fazer. 

Veja o Trailer:

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