Análise | The Last of Us 1×04: Sonhava em ser herói

ATENÇÃO! A análise contém SPOILERS do quarto episódio da primeira temporada de The Last of Us!

O episódio 4 de “The Last of Us” organiza as ideias para os próximos capítulos e constrói um laço enorme entre Joel e Ellie.

Ellie já demonstra, desde o início da série, seu interesse em ter posse de uma arma de fogo. O episódio começa com ela se encarando no espelho e mirando a pistola que pegou da casa de Bill e Frank. Ela mostra certa afinidade com o objeto, o que evoca um questionamento acerca de qual seria o nível da ingenuidade de Ellie frente a esse universo.

Cortando para Joel mexendo com a gasolina do carro, Ellie tenta “quebrar o gelo” com um livro de piadas: “No Pun Intended: Volume Too”. Uma tentativa fracassada que aparecerá algumas outras vezes no decorrer do episódio, a cada tentativa, as reações de Joel cedem e sem abrem mais.

— Eu passei a noite acordada pensando onde o Sol tinha ido
— Até que tudo ficou mais claro.

Trocadilho de Ellie para Joel

É importante frisar que esse episódio pode não funcionar muito bem somente com as legendas PT-BR. Eu recomendaria assistir com áudio dublado em português ou com áudio em inglês (pode usar auxílio de legendas, não há problema, desde que sejam em inglês também). As piadas soam mais naturais desses dois modos.

Depois de uma noite parados na floresta, Joel chama atenção que o problema principal na região não são os infectados, mas grupos humanos que querem mais do que roubar suprimentos.

Continuando a viagem, Joel explica para Ellie a história de seu irmão, Tommy, e sua jornada fracassada de tentar se sentir um herói — seja alistando-se no exército ou entrando para os Vagalumes. Joel completa seu pensamento afirmando que cuidar de sua família e cumprir a promessa para Tess — a promessa de entregar Ellie — são o que motivam suas ações.

— Eu não sou família.
— Não. Você é uma carga.

Diálogos de Ellie e Joel, respectivamente.

O resto do capítulo se desenrola na jornada de Joel e Ellie até o encontro de Tommy (no estado de Wyoming, mas o local exato ainda não é de conhecimento nem do públçico, nem dos personagens).

Uma estrada que parecia tranquila de ser completada, acaba desencadeando em um ataque de algum grupo armado local. Somos expostos à experiência de Joel ao observarmos que ele já sabia da emboscada antes mesmo dela acontecer, e à sua habilidade com armas de fogo (já que consegue lutar contra outros 3 adversários quase sem auxílio algum).

Ellie, que demonstrou certo conhecimento no manuseio da pistola, se vê na necessidade de salvar Joel da morte. Percebemos sua falta de experiência em matar pessoas.

Após o sufoco, cortamos para Kathleen (Melanie Lynskey), líder dessa milícia em vigor na região. Aqui insere-se a ideia de Henry, um personagem que, de algum modo, é de interesse dela. Kathleen, inicialmente, não parece ter pulso firme — e esta percepção é mudada em poucos minutos.

A milícia não tem seus propósitos muito expostos, mas em alguns de seus veículos, pode-se ler frases como “Nós somos o povo”, mensagens que denotam heroísmo.

Indo para o desfecho do episódio, o ápice da abertura entre Joel e Ellie (até o momento) é expressado através de gargalhadas causadas por um trocadilho bobo.

Ellie revela que já havia matado pessoas antes e Joel sente pena por ela ter que lidar com isso muito nova.

— Sabia que é melhor beber suco devagar?
— É, fica mais suculento

Trocadilho de Ellie no final do episódio

O episódio termina com Joel e Ellie sendo rendidos por armas enquanto dormiam.

Apesar de ser um episódio de organização para os próximos capítulos, temos alguns pontos tratados implicitamente. O senso de propósito traz uma reflexão acerco do que move os personagens e os grupos vigentes nas regiões apresentadas até agora.

Joel e Ellie querem proteger as pessoas que eles se importam, manter laços é o que move a luta pela sobrevivência deles. A FEDRA e os vários grupos armados acreditam no uso da força e do autoritário como um meio de superar o desastre do Cordyceps. Os Vagalumes confiam que reestruturar a democracia é o ponto-chave de contornar o apocalipse.

Somos convidados a pensar no senso de propósito desse mundo e, aliado à perspectiva de Joel sobre Tommy, o heroísmo é um assunto a ser discutido.

Temos outras obras que abordam esse mesmo assunto, sendo a HQ Watchmen um ótimo exemplo disso. Nessa HQ há o questionamento de “Quem vigia os vigilantes?”, trazendo a dúvida de quem vigia aqueles que se dizem reguladores da ordem ou que criam uma ordem.

Temos vários agentes, os grupos armados, a FEDRA, os Vagalumes, Joel, Ellie, Tommy. Todos sentem esse senso de heroísmo, e praticam através de métodos diferentes e ideias totalmente distintas. Mas, no universo de The Last of Us, responder a pergunta levantada em Watchmen é fácil: ninguém vigia os vigilantes.

Não há mais ordem. O único regulador das ações desses agentes são sua própria moral e seu próprio senso de justiça, todos eles serão violentos em situações de ameaça e todos eles vão determinar seus propósitos num certo discurso de “estou ajudando aqueles que me importam”. Isso pode ser: família, o povo ou até eles mesmos.

O 4° episódio de The Last of Us termina instigando curiosidade enorme sobre o desenrolar da trama e deixa vários pontos soltos que prometem apresentar-se de forma bem intensa. Temos um aparente monstro gigantesco acordando; um grupo radical perseguindo a dupla de protagonistas; personagens novos e cheios de mistério e um aprofundamento importante da relação entre Joel e Ellie.

Novos episódios de The Last of Us são exibidos todos os domingos às 23:00 exclusivamente na HBO, e disponibilizados na plataforma de streaming HBO Max.

Confira o trailer do quinto episódio de The Last of Us:

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Joel Neto
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