Análise | “A Casa do Dragão” 2X01: Um Filho por um Filho

Estreia da nova temporada prepara o terreno para a batalha entre Pretos e Verdes

ATENÇÃO: O TEXTO A SEGUIR NÃO É UMA CRÍTICA DO EPISÓDIO, APENAS COMENTÁRIOS

Na estreia da temporada, o luto nortea a vingança. Foto: Divulgação/Max

“Dever é sacrifício”, relembra o início do primeiro episódio da 2ª temporada de “A Casa do Dragão”, um conceito que a Família Stark compreende profundamente. Assim, marca-se a volta da série baseada nos livros de George R.R. Martin, inaugurando uma fase de batalhas políticas pelo Trono de Ferro. Na cena inicial, há uma ligação clara entre o universo das intrigas da Família Targaryen e sua antecessora, “Game of Thrones”, onde os Starks são introduzidos a trama. No momento em questão, Jacaerys Velaryon viaja para o Norte com o intuito de solicitar o apoio do Lorde Cregan Stark na batalha entre os Pretos e os Verdes. Durante a cena, Cregan e Jacaerys são surpreendidos com a notícia da morte de Lucerys Velaryon, assassinado por Aemond Targaryen no último episódio da temporada anterior. Este evento se torna a primeira peça do dominó entre as duas famílias, responsável por desencadear uma série de decisões que irão moldar o desenrolar da temporada. 

Rhaenyra Targaryen está de luto pela morte do filho. Seu aparecimento no início do episódio é mostrado à distância, uma alusão à fragilidade, incerteza e sofrimento que a rainha enfrenta no momento. Quando surge na reunião do conselho, movida pelo luto, exige a cabeça de Aemond Targaryen. O breve diálogo – o único da personagem no episódio – foi suficiente para que Daemon agisse em prol de seus próprios interesses. Embora sua lealdade esteja na esposa, Daemon tem ambições próprias, especialmente em relação à obsessão pelo poder. Ele não compreende o luto de Rhaenyra; entretanto, aproveita a ocasião para agir impulsivamente, conforme suas próprias decisões. 

Enquanto Rhaenyra é uma rainha respeitada e obedecida pelos seus apoiadores, Aegon Targaryen é o oposto. Imaturo e mais preocupado com a própria imagem do que as necessidades do Trono, ele precisa ser controlado por outros, especialmente no que diz respeito à tomada de decisões. E essa, sobretudo, é uma tarefa desempenhada pelo avô, Otto Hightower, ávido por poder e desejoso de controlar o Reino. As ações de Aegon são meramente semelhantes com as do falecido pai, quando opta por levar o herdeiro ainda criança para as reuniões do Conselho em vez de discutir a guerra que está sendo travada.

Tom Glynn-Carney interpreta Aegon Targaryen, filho de Viserys e Alicent. Foto: Divulgação/Max

Alicent, por outro lado, sente seu poder se esvaziando, sem saber em quem confiar ou contar com apoio. Embora anseie pela guerra, também deseja preservar a vida de Rhaenyra, refém das lembranças do passado que compartilhou ao lado da amiga. Enquanto Alicent acende o fogo, é Rhaenyra quem o expande. Enquanto Rhaenyra educa seus filhos com amor fraterno e oferece espaço para que eles compartilhem a dor pela morte do irmão, Alicent cria os seus como uma via para conquistar poder para si própria, assim como outras figuras ao redor dos Verdes. Por meio de uma montagem intercalada entre Rhaenyra e Alicent, é mostrado de que forma ambas estão ligadas, mas também evidenciado o quão opostas estão uma da outra.

Rhaenyra é uma rainha incontestável. Aegon, por outro lado, precisa ser constantemente domado. Rhaenys, vítima da perda do Trono de Ferro, compreende o poder de Rhaenyra e a apoia, incontestando o próprio Daemon nas tentativas de usurpar a autoridade da esposa. Enquanto a esposa está de luto, Daemon aproveita para tomar decisões únicas de si. Uma dessas culmina no momento mais devastador do episódio, que irá nortear os próximos acontecimentos da temporada. A famosa cena “Sangue e Queijo”, protagonizada por plebeus, evidencia que os papéis renegados naquela sociedade podem ser capazes de mudar o rumo da história. 

A mando de Daemon, dois homens partem para Porto Real com a missão de assassinar Aemond Targaryen. Eles perguntam a Daemon o que fazer caso não o encontrem, mas a cena é cortada. Presume-se que ele tenha dito para não voltarem de mãos vazias, deixando espaço para a interpretação dos espectadores. No livro, entretanto, a cena construída de maneira bem distinta da mostrada em tela. Isso não significa que tenha sido menos impactante, uma vez que utilizou de outros recursos para criar o efeito desejado. Enquanto nas páginas de uma história o maior poder vem das palavras, em tela, ele é estabelecido mediante imagens e sons.  

Progressivamente, o suspense é construído por meio da busca dos dois criminosos; ao entrar no palácio, no momento em que passam por Aegon discursando a respeito da própria vaidade, e quando entram no quarto dos filhos e encontram a esposa-irmã, Helaena. Não é um choque compreender que algo apavorante vem a seguir, uma vez que foram estabelecidos presságios que antecedem a cena final, como quando Helaena falou sobre o medo dos “ratos”, numa referência aos criminosos que mais tarde assassinam um de seus filhos. Assim, o terror é construído através do olhar da mãe e dos sons, intensificando-se quando Helaena caminha até o quarto de Alicent. A vingança dos Pretos, assim, assemelha-se às leis da Mesopotâmia: olho por olho, filho por filho. 

Confira o trailer dos próximos episódios de “A Casa do Dragão”:

“A Casa do Dragão” vai ao ar todos os domingos às 22h na HBO e na Max

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Isabella Breve
Isabella Breve

Graduanda em Jornalismo, leitora voraz, amante da Sétima Arte e eternamente fã.

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