5 motivos para rever ‘Todo Mundo Odeia o Chris’ na Amazon Prime Video

Todo Mundo Odeia o Chris deve ter sido uma das séries mais populares no Brasil nos anos 2000. Muito da popularidade da série vem das suas infinitas reprises pelo canal Record. Até hoje o elenco ficou marcado pelos papéis que fizeram no decorrer das 4 temporadas.

A série mistura eventos factuais e fictícios para contar a história da infância de Chris Rock, um comediante muito popular dos EUA, enquanto ele estuda em uma escola apenas com pessoas brancas e precisa lidar com questões de raça nos meios em que está participando.

Separamos aqui 5 motivos para dar uma revisada no marco cultural que foi essa série:

1 – Rochelle

Quer um motivo melhor para abrir essa lista do que a Rochelle?

A mãe do Chris foi responsável por alguns dos momentos mais icônicos da série, como, por exemplo, a famosa cena em que ela usa xarope para curar qualquer problema grave que seus filhos tiveram, ou quando ela tocou o terror da feira de livros na escola dos filhos.

Mas além de tudo isso, Rochelle é uma mamãe ursa muito forte e dedicada. Ela é uma representação jocosa do estereótipo da “Angry Black Woman”, mas em diversos momentos ela abraça a força da mulher negra consigo e mostra o que é resistir.

2 – Srta. Morello

“Você só precisa superar sua mentalidade de favelado.”

Srta. Morello é a grande representação da cultura do “Branco Salvador” na nossa sociedade. Ela, em diversos momentos, acha que está sendo uma figura de apoio para Chris, mas, na verdade, ela só está reproduzindo falas e costumes racistas.

Só que a representação da Srta. Morello é importante porque ela mostra como o racismo é uma coisa, muita das vezes, idiota e até certo ponto ridícula. A série tem sim representações de imagens racistas bem fortes, como é o caso do Caruso, mas a Morello é feita para sacanear outras figuras e mostrar que não precisa praticar agressões físicas para ser racista.

3 – Chris e Greg

Poucas vezes a arte tratou com tanta delicadeza a amizade entre um homem negro e um homem branco da maneira que abordou Chris e Greg.

Apesar de Greg ser branco e estar blindado por privilégios, ele sempre foi um excluído por não replicar padrões comuns entre homens brancos que caras como o Caruso reproduzem. Portanto, ele consegue se identificar com Chris ao ponto de formarem uma amizade.

Mas a raça sempre foi um fator importante na amizade deles, uma vez que Greg não recebia o mesmo peso que Chris recebia no ambiente escolar e diversas vezes Chris demonstrou a diferença entre tratamentos para Greg.

No fim, Chris também se sente confortável com Greg porque sabe que existe muita franqueza para expor suas questões. O amigo nunca se nega a escutar Chris, o que torna a amizade dos dois muito bonita.

4 – Muitos temas atuais

Todo Mundo Odeia o Chris pode se passar no meio dos anos 80, mas a série ainda discute muitos temas que continuam acontecendo até hoje, como a violência policial contra pessoas negras e a falta de oportunidade para pessoas brancas.

Muitas vezes vemos Rochelle e Julius temerem pelo futuro de seus filhos e acharem que várias ações imprudentes podem levar seus filhos para a prisão. Assim, ambos acabam sendo muito rígidos na criação deles, pois eles sabem que o sistema não será fácil com os filhos.

Bed-stuy é uma zona muito perigosa também. Cheia de gangues e moradores de rua, Rochelle e Julius fazem o melhor que podem para que seus filhos consigam chegar em um ponto diferente em que eles não chegaram por falta de oportunidades. Ambos se conheceram na época dos direitos civis nos Estados Unidos, um período de pura tensão racial, então eles entendem que seus filhos precisam chegar em um lugar diferente.

Um tema muito semelhante ao que acontece na plot principal de Homem-Aranha no Aranhaverso, filme de 2018.

Há muitos outros pontos que podem ser debatidos na série, mas iríamos nos prolongar demais.

5 – Julius

Julius é outro personagem que também ganhou uma força enorme nos últimos anos, principalmente por ser interpretado por Terry Crews, um ator que não cansa de demonstrar seu amor pelo público brasileiro.

O personagem é uma representação do homem negro paterno que ama seus filhos, mas ao mesmo tempo é muito envolvido numa masculinidade tóxica que o mundo o impôs.

Acontece que em diversos momentos Julius aprende que Rochelle é quem contém todo o poder no ambiente familiar. Ele nunca diminui suas esposas ou seus filhos, mesmo que ele seja bem severo diversas vezes e sempre acaba aprendendo com sua família e os valoriza demais. Em vários momentos ele não deixa de demonstrar como está orgulhoso deles.

Julius passa por uma desconstrução interessante dentro da série, porque ele começa como uma figura séria, mas em muitas situações ele demonstra ter um coração bem derretido. Como quando ele escuta Rochelle falando para Tonya o quão ela era apaixonada por ele e não o trocaria por homem nenhum. Daí ele começa a chorar.

Bom, Todo Mundo Odeia o Chris ainda é uma série que pode ser vista nos dias de hoje e cai muito bem em qualquer horário do dia. Para rever, basta acessar ao Amazon Prime Video.

Leia também:

• Como a série ‘Todo mundo odeia o Chris’ retrata o racismo nos Estados Unidos

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