13 passos para ajudar alguém com crises de ansiedade nesta quarentena

A pandemia trouxe consigo a ausência do ver pessoalmente, tão essencial para ajudar alguém com ansiedade. Por isso, elencamos 13 passos para ajudar um amigo ansioso, mesmo distante

Pode-se dizer que a população mundial está experimentando uma incerteza coletiva: o que será do futuro?

O mundo parou diante da pandemia e foi necessário mudanças de hábitos e ações da vida em sociedade. Mas tão importante quanto ficar em casa para impedir a propagação do vírus é cuidar da saúde mental perante uma mudança brusca de rotina e de um distanciamento social em massa.

Quando tudo vai voltar ao normal? A economia? O emprego? Os planejamentos? As pessoas? Os estudos? Os negócios? Será que vou perder alguém que amo? Será que vou ficar doente?

São muitas perguntas, e nenhuma resposta… A única certeza é que em algum momento tudo isso irá passar… Só temos que sentar e ESPERAR

Este conteúdo também pode ser ouvido
Rapaz sentado no sofá, com as mãos na cabeça e muito angustiado
Muitas perguntas e nenhuma resposta

Uma espera cheia de imprecisões sobre o futuro e um desejo desesperado de que tudo volte ao normal o mais breve possível… tal cenário propicia o aumento da possibilidade de que milhões de pessoas passem a sentir alguns efeitos do que denominamos como ansiedade.

Em especial os milhares de cidadãos que antes mesmo do distanciamento social já conviviam com a ansiedade e que, diante das circunstâncias atuais, veem grandes chances de piora nos sintomas.

Naturalmente, tenta-se fazer o recomendado: ler livros, assistir filmes e programas de entretenimento diversos, criar uma rotina, comer bem, dormir bem, realizar atividades físicas, exercícios de respiração, terapia, cursos on-line e não se isolar emocionalmente.

Falar, como sempre, é muito mais fácil do que fazer: basta um minuto de descuido para que o constante sentimento de impotência venha à tona. Não obstante, ele carrega consigo pensamentos negativos e o desespero de ter que esperar isso tudo acabar para seguir com planos, para voltar aos estudos, para retornar ao mercado de trabalho, para estabilizar a vida financeira, para rever quem ama…

O subconsciente diz: pare de se torturar! Pare de pensar nisso! No momento, só nos resta sentar e esperar…

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Rapaz chorando

O coração acelera

A respiração parece que se perdeu, um calor sufocante…

Aquele desconforto no peito, o formigamento no corpo…

Dores musculares, as náuseas…

O nó no estomago…

Sensação de desânimo frequente…

Insônia, a noite parece não ter fim…

Esses são alguns dos sintomas sentidos por alguém que sofre de ansiedade. E nessas circunstâncias, lutar sozinho pode ser uma caminhada árdua e por vezes destrutiva. É o que nos retrata os filmes O Lado Bom da Vida e As Vantagens de Ser Invisível.

Apesar de não abordarem diretamente a ansiedade, os protagonistas estão passando por situações complexas e se encontram extremamente abalados psicologicamente, à beira de um verdadeiro colapso. Todavia, suas novas companhias, através de gestos e momentos diversos, os afastam do foco do problema. Quando necessário, são um meio de desabafo e tornam-se fundamentais para que os personagens aprendam a dominar os sintomas e os possíveis surtos, e que então prossigam com seus tratamentos.

Três jovens dentro de uma caminhonete em movimento.
Cena de “As Vantagens de Ser Invisível”
Um casal vestido de branco, festejando diante de uma multidão.
Cena de “O Lado Bom da Vida”

Na vida real isso não muda muito: estar ao lado de pessoas em situações de crise de ansiedade em muitos casos não irá resolver tal infortúnio, porém é o “gatilho de escape” para trazer alegria, um alento muito bem-vindo para atravessar esse processo.

Especialmente quando o ansioso não se trata somente de alguém com o qual estamos sendo solidários e queremos o bem, como também de alguém que amamos.

Contudo, como fazer isso? A pandemia trouxe consigo a ausência do ver pessoalmente, o encontro entre colegas que não foi marcado, as saídas não planejadas entre amigos que não aconteceram, o papo e atividades aleatórias que resultariam em um momento de desabafo espontâneo, seguido de um alívio reconfortante que não existiu. São coisas tão essenciais mas que por hora terão de ser adiadas.

Mas se acalme, pois nem tudo está perdido: reinventamos nosso cotidiano, e assim sendo também podemos adaptar formas de dar apoio a alguém sem ter que sair de casa.

Porém, alguns fatores devem ser levados em conta:

Um homem abraçando o outro que está triste.
A pandemia trouxe consigo a ausência do ver pessoalmente
  • Seus únicos recursos para contato são por meio virtual: aplicativos de conversas, redes sociais, chamadas de vídeo, etc. Através deles, há diversas maneiras de se comunicar e interagir. Abuse da criatividade;
  • Neste cenário, todos de alguma maneira estão abalados com as consequências da pandemia. Isso pode inibir o(a) ansioso(a) a pedir apoio para pessoas que considera de confiança, sejam elas parentes ou amigos. Ele terá receio de não ser acolhido e, pelo contrário, ser julgado ou incomodar, fazendo com que tenda a se isolar emocionalmente. Atente-se a isso e o procure sempre que possível;
  • As conversas se darão através de mensagens, áudios e vídeo-chamadas. Seja cuidadoso principalmente com as mensagens de texto, que podem gerar interpretações não esperadas. Pessoas ansiosas podem estar com o psicológico muito sensível e pensamentos negativos e depressivos podem aparecer, portanto avalie antes de escrever;
  • Com a ansiedade em seu auge, afeta-se profundamente o corpo: os sintomas trazem muita aflição e desespero, e neste momento a pessoa poderá não estar muito amigável. Contudo, é o contexto em que mais precisará de ajuda, pois saber que se tem alguém quando tudo dá errado é reconfortante. Tenha paciência e empatia.
  • Esteja disposto a oferecer um pouco do seu tempo e mantenha-se presente. Não estou dizendo que deva se dedicar à pessoa 24 horas por dia, mas sua ajuda terá de ser significativamente constante. Por conseguinte, você precisa ter ciência dos próprios limites antes de oferecer apoio. Seria frustrante para ele(a) considerar que tem um “porto seguro”, e quando precisar você não estar lá. Isso pode vir até a agravar seu grau de ansiedade.

13 passos para ajudar alguém com crises de ansiedade

1 – Na dúvida em saber se ele(a) quer ou não falar sobre o que está sentindo, não foque no assunto de imediato. Seu contato pode gerar certa sensação de pressão, então procure abordagens de ”fundo de escape”: mande memes, gifs, fale do que está fazendo no momento, estimule o diálogo descontraído, e em especial o chame com mais frequência. Deixe-o sentir que está sendo acolhido.

2 – Dependendo do nível de intimidade, tenham em mente que costumes, hábitos e brincadeiras que antes eram levadas na “esportiva” agora podem magoar. Procure evitá-las e deixe que a própria pessoa as traga para conversar ao sentir-se à vontade.

3 – Entre uma conversa e outra, fale ou escreva frases que sutilmente o estimulem a dizer como está:

  • “e como estão todos na sua casa, estão se adaptando bem à quarentena?”;
  • “ando bem ansioso ultimamente”;
  • “e você, como tem se sentido?”.

Tais palavras podem dar abertura para desabafar.

Garota coma as mãos na cabeça, parecendo estar bem estressada.
Procure abordagens de ”fundo de escape”. Deixe-o sentir que está sendo acolhido.

4 – Quando alguém desabafar com você, não faça julgamentos. Esteja de coração aberto e acima de tudo ouça, seja empático.

5 – Caso venha a falar, avalie se o que vai dizer ou escrever não irá gerar interpretações negativas. Evites essas frases:

  • ” tudo vai dar certo”;
  • “isso não é nada”;
  • “você tem que lidar com as coisas de outra forma”;
  • “há pessoas passando por coisas piores”;
  • “fulano está na mesma situação e nem por isso está assim”.

Evite rebaixar a dor do outro, e muito menos fazer comparações com outros contextos. Em situações de crise, as sensações físicas e emocionais ficam à flor da pele e isso só vai piorar tudo. Dê a atenção da qual a pessoa precisa e não menospreze o que ele(a) está sentindo.

6 – É preferível que saiba o que fazer do que falar, mas caso não saiba como agir, você pode começar com:

  • “É totalmente compreensível que esteja se sentido assim. E como posso ajudá-lo”?

É reconfortante saber que quando você sente que tudo deu errado, há alguém para ampará-lo.

7 – Demonstre que você se importa e que não está ali por obrigação, mas porque gosta da pessoa e se preocupa com seu bem-estar.

Uma garota consolando outra, por meio de um abraço.
Evite rebaixar a dor do outro

8 – Chame-o(a) para fazer um pouco de “nada” com você: inicie com simples conversas aleatórias ou crie programas que o(a) faça desviar da ansiedade. Vejam filmes juntos e discutam depois, “maratonem” séries, conheça novos jogos ou que tal a leitura? Livros são sempre uma ótima escolha. Vídeos aleatórios do youtube… quem nunca? Cozinhem juntos através de vídeo-chamada.

9 – Em situações que considerar viáveis, pergunte como a pessoa está se sentindo e se gostaria de conversar sobre o momento que está vivenciando. É importante que não espere melhoras imediatas, contudo já considere um avanço quando o ansioso(a) vier desabafar de forma espontânea e tranquila sem que você tenha questionado sobre. Afinal, você está longe e não saberá que a pessoa está tendo uma crise se ela não contar.

10 – Insônia… o silêncio da noite muitas vezes é cruel para o ansioso, e isso pode se estender por toda a madrugada. Caso tenha a disponibilidade, não deixe de fazer um pouco de companhia e converse sobre coisas interessantes, que afastem os pensamentos negativos que tiram sua paz de espírito.

Pessoa na cama sem conseguir dormir.
Faça companhia e converse sobre coisas interessantes

11 – Elogie! Atualmente há muitos cursos online, trabalho em home office, freelancer, etc. Pergunte o que está fazendo e enalteça suas pequenas conquistas. Você precisa lembrá-lo(a) do quanto é capaz e que pode mais.

12 – Sugira atividades que ajudem a pessoa a se sentir melhor.

13 – Pessoas ansiosas tendem a ficar muito negativas e acabam se esquecendo do lado bom das coisas. Esquecem-se, inclusive, de que são importantes para alguém. Ajude essa pessoa a buscar memórias agradáveis:

  • Fotos e vídeos sempre são ótimas escolhas: procure nas galerias, opções com certeza não vão faltar;
  • Use as redes sociais… quem não gosta de ser lembrado de forma inesperada? Um “textinho” (ou “textão”) e fotos? Destaque as lembranças boas que a imagem tem e o quanto foi especial estar ao lado daquela pessoa em um momento tão memorável.

Este texto foi desenvolvido com todo carinho e com a colaboração e validação dos psicólogos Rosiana Câmara e Giovani Lucena, que inclusive é nosso parceiro da Pajé digital.

Nunca se sabe quem pode estar precisando de amparo. Talvez ao seu redor não há nenhuma pessoa sofrendo de ansiedade, mas há sempre alguém que pode conhecer. Portanto, compartilhe esse texto!

Cada pequeno gesto conta! Todos juntos e unidos iremos superar este momento!

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Leda Camara
Leda Camara

Paulistana, mas de coração mineiro, formada em Publicidade e Propaganda e pesquisadora midiática, atualmente finalizei meu segundo artigo acadêmico. E adivinha sobre oque eles falavam?
Sim, narrativas audiovisuais, o primeiro artigo é sobre a série Malhação - Viva a diferença e o segundo sobre a Viúva negra no MCU. Ambas as pesquisas norteiam questões de gênero e representação.
Além deste universo do cinema que amo, atuo nas áreas de employer branding e employee experience.

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